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O mercado financeiro de todo o mundo teve um dia de fortes perdas com a divulgação da inflação ao consumidor dos Estados Unidos, que subiu mais do que o esperado em abril e alimentou os temores de novas altas dos juros básicos americanos. No Brasil, após a trégua de ontem, o dólar subiu 3,23%, cotado a R$ 2,202 para compra e R$ 2,204 para venda. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve a maior baixa desde fevereiro deste ano: 2,86%, com o Ibovespa encerrando a 38.291 pontos.

O risco-país brasileiro, um dos principais termômetros da confiança do investidor estrangeiro, aumentou 7,43%, atingindo 260 pontos (18 a mais do que no fechamento de ontem). Os principais títulos da dívida externa se desvalorizaram. O Global 40, papel mais negociado, caiu 1,98%, a 123,50% do valor de face.

Foi um dia negativo em todo mercado mundial. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve a maior baixa em pontos em três anos (214 pontos, ou 1,88%) e o Nasdaq recuou 1,50% e completou a maior seqüência de baixas em cinco anos. Na Europa, as principais bolsas tiveram fortes desvalorizações, com destaque para Frankfurt (-3,40%), Paris (-3,18%) e Madri (-3%).

As incertezas quanto à política monetária dos Estados Unidos se aguçaram na quarta-feira passada (10/05), quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), elevou a taxa básica de 4,75% para 5% ao ano, mas não deu sinalizações claras sobre as perspectivas para os juros do país. Desde então, o mercado financeiro assiste a um movimento generalizado de vendas, que está levando as principais praças financeiras a operarem diariamente no vermelho.

No Brasil, a Bovespa teve quatro quedas consecutivas e apenas ontem fechou com ligeiro avanço, de 0,37%. A atual pontuação do Ibovespa (38.291 pontos) representa uma desvalorização de 8,78% em relação à máxima histórica do índice (41.979 pontos), registrada em 9 de maio. O dólar, por sua vez, opera em alta desde a quarta-feira passada, com exceção de ontem, quando caiu 2,33%. A moeda americana vale 7,19% mais do que em 5 de maio, quando atingiu R$ 2,056, a menor cotação do ano. E o risco-país é 23,2% maior do que o seu piso de 211 pontos, obtido em 1 de março.

Após caírem para 5,10% na véspera, o rendimento dos títulos de dez anos do Tesouro dos Estados Unidos chegou a bater 5,18% nesta quarta-feira, mas depois recuou para 5,14%. Considerados os papéis mais seguros do mundo, os chamados "treasuries" são um grande chamariz para investidores globais, especialmente em momentos de incerteza. Em relatório divulgado ontem, o banco de investimento Merril Lynch afirmou que a aversão ao risco começava a aumentar no mercado financeiro global e que os prêmios não estavam suficientemente ajustados. "Acreditamos que os mercados devem continuar sob pressão por mais tempo", escreveu o analista Tulio Vera, no relatório da Merrill Lynch.

Os mais prejudicados são os países emergentes, considerados mais arriscados. Nesta quarta-feira, além da bolsa brasileira, tiveram forte queda as bolsas do México (-2,83%), Argentina (-3,4%) e Chile (-1,91%).

- É um movimento generalizado nos países emergentes. O pessoal tá desovando onde tinha lucro - comentou Tommy Taterka, operador da corretora Concórdia.

Das 57 ações que compõem o Ibovespa, apenas Embraer PN fechou em alta (+0,58%). As maiores quedas foram de TIM Participações ON (-8,89%), Cesp PN (-8,69%), Eletropaulo PN (-6,84%). As ações mais negociadas da bolsa, as preferenciais da Petrobras e da Vale do Rio Doce, caíram 2,93% e 2,61%, respectivamente. O volume financeiro da Bovespa atingiu R$ 3,034 bilhões.

Para o economista-chefe da corretora Liquidez, Marcelo Voss, os mercados estão reagindo com exagero à possibilidade de novas altas do juro americano. Ele lembra que há consenso entre os analistas de Wall Street de que, por mais que volte a subir, a taxa básica não ultrapassará os 5,5% ao ano - 0,5 ponto a mais do que o nível atual. Segundo Voss, uma parte da instabilidade dos últimos dias deve-se ao estilo do novo presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke.

- O tom do Bernanke não está ajudando. O Greenspan era muito conciso e o Bernanke tem adotado a postura de abrir mais o Fed. A meu ver, isso foi feito na hora errada. Está passando a idéia de um Fed indefinido - afirmou.

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