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O dólar encerrou o mês de abril com uma valorização de 4,42 por cento ante o real, voltando a patamar de 1,90 real pela primeira vez desde setembro passado. Segundo operadores, o movimento foi puxado sobretudo pela intensa atuação do Banco Central no mercado cambial, que chegou a realizar dois leilões de compra de dólares em algumas sessões.

Com os ganhos do mês, a moeda acumula alta de 2,06 por cento no ano, revertendo a queda vista até março. Só nesta segunda-feira (20), o dólar teve valorização de 1,08 por cento, cotado a 1,9070 real, a maior cotação desde o dia 21 de julho de 2009, quando fechou em 1,9080 na venda. Segundo operadores, o cenário externo mais negativo pesou nesta sessão.

O dólar não atingia o nível de 1,90 real desde o dia 22 de setembro do ano passado, quando fechou a exatamente 1,9000 real na venda. Em março, a moeda norte-americana já havia acumulado valorização de 6,17 por cento, mas em fevereiro e janeiro, o movimento havia sido contrário, com quedas de 1,55 e de 6,50 por cento, respectivamente.

"O movimento do mês foi marcado pela intervenção do Banco Central. A moeda teve essa dinâmica porque o mercado sabe que o governo vai atuar", disse o economista-sênior do BES Investimentos, Flávio Serrano.

Para ele, sem a atuação do BC e ameaças do governo, que continuou a afirmar que poderia tomar medidas em relação ao câmbio, o dólar poderia estar entre 1,70 e 1,75 real.

Este mês, o BC pareceu disposto a deixar o dólar a se valorizar ante o real, sendo que entre os dias 12 e 18 chegou a fazer dois leilões de compra de dólares no mercado à vista por sessão, muitas vezes com a moeda já em alta.

Apenas no dia 19 de abril, quando a moeda chegou muito próxima do patamar de 1,90 real, o BC optou por não atuar no mercado, voltando a fazer apenas um leilão de compra à vista no dia seguinte.

Na sexta-feira, o BC também fez apenas um leilão de compra de dólares no mercado à vista, sendo que nesta segunda-feira, com a moeda já em alta e o mercado esvaziado pela véspera do feriado do Dia do Trabalho, acabou não atuando.

O operador de câmbio da Interbolsa do Brasil Ovídio Soares não descarta que o dólar possa continuar acima de 1,90 real, isso se o cenário externo continuar negativo. No entanto, avalia ele, o BC pode não desejar esse cenário, já que nesse patamar acredita que o câmbio traz um impacto inflacionário.

"Caso a moeda subisse mais ele poderia até fazer um leilão de venda de dólares, em vez de compra. Mas acho difícil, já que teria que fazer isso em um dia em que o dólar estivesse muito estressado, porque senão deixaria claro para o mercado que o patamar que ele quer é próximo a 1,90", disse o operador.

Fonte da equipe econômica afirmou na semana passada à Reuters que o governo via uma "janela de oportunidade" para levar o dólar a um outro patamar, trazendo-o mais próximo a 1,90 real, aproveitando o cenário externo mais delicado, e sem colocar em risco a inflação no país.

Para o operador, o cenário externo também ajudou a puxar a cotação do dólar para cima, já que preocupações com a Europa voltaram à tona, principalmente, com a Espanha, assim como uma desaceleração da economia chinesa.

Nesta manhã, a notícia que mais preocupou foi justamente em relação à economia espanhola, já que foi confirmado que entrou em recessão. O Produto Interno Bruto (PIB) do país encolheu 0,3 por cento entre janeiro e março, levemente melhor do que as previsões da pesquisa da Reuters de uma queda de 0,4 por cento.

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