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O mercado financeiro mundial vive um dia de fortes perdas. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a cair mais de 2%, atingindo o menor patamar desde 3 de janeiro. Às 15h08m, recuava 1,36%, aos 34.783 pontos. No mesmo horário, o dólar comercial tinha alta de 1,52%, vendido a R$ 2,267, e o risco Brasil avançava 3%, para 270 pontos centesimais.

Na Europa, as principais bolsas fecharam com perdas superiores a 2%, com destaque para Frankfurt (-2,90%), Londres (-2,51%) e Paris (-2,91%). Investidores repercutiram o aumento da taxa básica de juros da zona do euro, para 2,75% ao ano. Em Nova York, o índice Dow Jones caía 0,78% e o Nasdaq apresentava baixa de 1,40%. Pelo segundo dia consecutivo, os preços do petróleo têm forte queda e são acompanhados pelas cotações de outras "commodities", como o cobre.

Desde 10 de maio, quando o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) elevou os juros para 5% ao ano sem descartar novas altas, os mercados de todo o mundo vivem um período de turbulência. Nos Estados Unidos, a apreensão com os juros foi reforçada nesta quinta-feira com declarações do diretor do conselho do Fed, Donald Kohn, que foi nomeado para a vice-presidência da instituição e passou por uma sabatina no Comitê Bancário do Senado. Na audiência, ele disse que a alta de preços nos Estados Unidos levantou uma "bandeira de alerta" sobre a inflação, exigindo atenção do banco central americano.

- A estabilidade de preços é importante e eu considero os dados recentes de inflação de certa forma preocupantes - afirmou Kohn.

O mercado também acompanhou a divulgação dos dados de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que, na semana passada, caíram muito mais do que o esperado. Amanhã, o presidente do Fed, Ben Bernanke, fará uma apresentação no Massachussets Institute of Technology

- Até mais do que a volatilidade dos indicadores, a crescente desconfiança do mercado com a postura indecisa do presidente do Fed, Ben Bernanke, continuará a afetar os ativos nos próximos dias - afirmou o economista-chefe da corretora Liquidez, Marcelo Voss.

Segundo Voss, não fossem as turbulências externas, a tendência para o mercado brasileiro seria de valorização nesta quinta-feira, sob o estímulo do IPCA e outros índices animadores. Para a economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi, por ser um mercado emergente, o Brasil registra oscilações maiores do que países envolvidos, mas os bons fundamentos da economia o protegem de uma contaminação mais drástica.

- Ninguém cogita um "overshooting" (elevação exagerada) do dólar acima de R$ 3, R$ 3,50, como ocorreu há quatro anos. O mercado trabalha com um "stress temporário" - comenta a economista, que prevê para o fim do ano um dólar a R$ 2,15.

Nesta manhã, o Banco Central divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que os diretores da instituição mostram preocupação com a instabilidade externa. Para a economista do BES, o documento reforçou a perspectiva de moderação da trajetória de queda da taxa Selic. Há quatro semanas, a pesquisa Focus, do Banco Central, apontava uma previsão média de 14% para a Selic no fim do ano. Na última edição do levantamento, divulgada na segunda-feira, a estimativa média das cerca de cem instituições consultadas havia aumentado para 14,25%.

Sandra aposta em 14,5%. Ela acredita que, nas próximas duas reuniões, o Copom vai diminuir a taxa em 0,25 ponto; vai deixá-la inalterada em outubro e promoverá um novo corte de 0,25 ponto em novembro. Em sua última reunião, em 30 e 31 de maio, o Copom fez um corte de 0,50 ponto na Selic, para 15,25% ao ano. Nos três encontros anteriores, a redução havia sido de 0,75 ponto.

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