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O dólar saltou mais de 3% nesta segunda-feira, 28, e voltou ao patamar de R$ 4,10, com o mercado pressionando o Banco Central (BC) após reforçar a atuação no mercado de câmbio e diante do quadro de aversão a risco nas praças internacionais, além de preocupações com a possibilidade de novos rebaixamentos da classificação de risco do Brasil.

O dólar avançou 3,37%, a R$ 4,1095 na venda, maior alta desde 21 de setembro de 2011, quando chegou aos +3,75%.

Na quinta-feira passada, a moeda norte-americana chegou a renovar o recorde intradia, a quase R$ 4,25, mas anulou praticamente todo esse avanço, terminando a semana com alta de apenas 0,44% e abaixo de R$ 4, após o BC ter elevado suas ações no mercado de câmbio.

“O mercado está peitando o BC. Não tem refresco”, disse o operador da corretora de um importante banco nacional, sob condição de anonimato.

Só nas três sessões anteriores, o BC atuou dez vezes --incluindo leilões de swaps para rolagem--, mas nunca vendendo dólares das reservas internacionais no mercado à vista.

Neste pregão, a autoridade monetária apenas deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, que vencem em outubro. O BC vendeu a oferta total de até 9,45 mil contratos e, com isso, rolou US$ 8,504 bilhões, ou cerca de 90% do lote total, correspondente a US$ 9,458 bilhões.

A atuação do BC tem vindo em conjunção com o Tesouro Nacional, que anunciou programa de leilões diários de venda e compra de títulos públicos. Na operação desta sessão, no entanto, não vendeu nem comprou papéis, impulsionando os juros futuros a uma forte alta.

No fim de semana, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo está “extremamente” preocupado com a alta do dólar por conta de empresas endividadas na moeda norte-americana, mas afirmou que as reservas internacionais do país impedem que haja uma “disruptura” por conta do câmbio.

Queda no rating

“Foi importante o BC entrar porque o mercado estava descontrolado, mas o mercado vai continuar em viés de alta enquanto esses problemas políticos e econômicos continuarem no radar”, disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

Ele se referia ao quadro conturbado na política e na economia local, o que vem alimentando expectativas de que o Brasil pode perder seu selo de bom pagador com outras agências além da Standard & Poor’s.

O dólar ampliou o avanço na última hora da sessão devido a essa perspectiva, após o diretor-geral da Fitch para o Brasil, Rafael Guedes, repetir que a perspectiva negativa atribuída à nota de crédito do país significa que a agência vê chance de mais de 50% de rebaixar o país nos próximos 12 a 18 meses. A agência colocou o rating brasileiro em perspectiva negativa em abril passado.

No entanto, Guedes também sinalizou que a agência não deve retirar do Brasil o selo de bom pagador quando tomar sua decisão sobre a nota ao afirmar que, “historicamente”, a Fitch não corta rating em dois degraus, o que seria necessário para retirar o grau de investimento.

Nesta sessão, contribuiu também para a alta do dólar a aversão a risco nos mercados externos, com pressão sobre moedas emergentes como os pesos chileno e mexicano. Os mercados estão apreensivos com a possibilidade de o Federal Reserve, banco central norte-americano, elevar os juros ainda neste ano.

Pesaram ainda preocupações com o crescimento econômico mundial, especialmente em relação à China e economias emergentes no geral, que vêm reduzindo o apetite por ativos de risco.

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