Com reajuste de 3,78% na média nacional e de 7,26% na região metropolitana de Curitiba, o álcool foi um dos principais responsáveis pela forte alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em janeiro. O indicador, que baliza as metas de inflação perseguidas pelo Banco Central (BC), subiu 0,83% no Brasil, índice igual ao de novembro, o maior desde abril de 2005. A taxa nacional também foi a mais alta para meses de janeiro desde 2003. Com o resultado, o IPCA acumula inflação de 5,99% nos últimos 12 meses. Na Grande Curitiba, o IPCA ficou em 0,82% em janeiro, o maior em três meses.
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A disparada dos preços do etanol jogou para cima a inflação do grupo transportes, que subiu 1,55% no Brasil e 1,58% na capital paranaense. Em ambos os casos, a alta dos transportes foi a mais forte entre os nove grupos de despesas pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os alimentos, que nos últimos meses têm sido a principal fonte de pressão para a inflação, também subiram com força no mês passado (1,16% no Brasil e 1,02% em Curitiba).
Análise
Segundo o presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço, alguns fatores externos contribuíram para a alta desses produtos. Os alimentos, exlica, sofrem interferência de condições climáticas adversas e do aumento de 35% das commodities agrícolas no cenário mundial. "À medida que começar a safra por aqui, os preços devem subir menos e interromper o registro de uma trajetória ascendente", afirma Lourenço, que também é professor de Economia do FAE Centro Universitário.
Em relação aos combustíveis, a produção limitada de álcool na última safra muitos produtores optaram por produzir açúcar e o atual período de entressafra podem ter influenciado o IPCA. Na opinião do professor do departamento de economia da UFPR Marcelo Curado, a concentração do mercado também acaba por pressionar as cotações. "O fato de o álcool estar na mão de meia dúzia de fornecedores também contribui." Representantes de usineiros e postos citam várias possíveis razões para o aumento até mesmo a queda na procura nesta época do ano (leia ao lado).
Sem descanso
A inflação em fevereiro deve seguir pressionada, muito em razão dos reajustes das mensalidades escolares. Desaceleração mais forte no IPCA é esperada para, no mínimo, depois de abril. "O IPCA deve ser elevado até abril. Na sequência, haverá queda por causa do aperto da política monetária e também pela contenção de gastos estipulada pelo Ministério do Planejamento", prevê o professor de Macroeconomia José Luis Oreiro, da Universidade de Brasília (UnB). "Provavelmente, o índice será constante no primeiro semestre", diz Gilmar Mendes Lourenço, presidente do Ipardes, para quem a inflação acumulada no ano dificilmente ficará abaixo de 5,5%.
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