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Apesar da boa reação do mercado, o pacote trilionário de ajuda à Grécia foi recebido com uma dose de ceticismo por especialistas. Há um consenso de que a medida buscava afastar os temores imediatos dos investidores, mas, no longo prazo, a eficácia do fundo emergencial é bastante questionada.

"Muitas perguntas terão de ser respondidas. Elas vão desde o operacional (como é que todas essas intervenções serão aprovadas, financiadas e executadas) ao conceitual (o que o pacote significa para a integridade institucional) e à eficácia (a injeção de liquidez será utilizada para garantir a consolidação fiscal ou vai acabar adiando-a)", escreveu Mohamed El-Erian, executivo-chefe global do fundo de bônus Pacific Investment Management Co. (Pimco), em artigo no jornal britânico Financial Times.

Felix Salmon, colunista de finanças da Reuters, afirmou que o pacote é "too much, too late (muita coisa, muito tarde)". A preocupação dele é de que a ajuda acabe dividindo a Europa politicamente. "Enquanto bilhões de dólares da União Europeia são certamente suficientes para evitar que qualquer país peça a moratória nos próximos anos, eu temo que a enormidade do pacote só exacerbará as tensões entre os países da zona do euro no longo prazo. Os países não são mais parceiros: agora eles estão se bifurcando entre os credores ricos, por um lado, e os devedores ex-perdulários, por outro. Os montantes envolvidos só vão aumentar os ressentimentos."

Paliativo

Para o professor de economia internacional da FGV, Evaldo Alves, a medida é paliativa. Ataca os sintomas, mas não o problema. "O alto nível de déficit dos países europeus é uma consequência de um problema anterior. Os europeus esqueceram o fundamental do sistema capitalista: a economia de mercado só sobrevive se houver aumento de produtividade e de eficiência econômica. A Europa terá de passar por um reajuste para aumentar a competitividade e reduzir os subsídios", afirma. Para Alves, o Brasil não está livre do problema. "A exportação brasileira para a União Europeia vai cair", diz.

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