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O gerenciamento das mudanças climáticas e a redução da pobreza são os dois grandes desafios para este século e precisam ser conduzidos juntos, na avaliação do economista britânico Nicholas Stern. "Se falharmos em um, vamos falhar no outro também. Precisamos promover uma revolução industrial ainda mais criativa e dinâmica que as anteriores, cujos benefícios vão além da própria mudança climática", defende o economista, que ficou famoso no mundo todo em 2006 ao publicar o Relatório Stern, documento que trouxe as mudanças climáticas para o centro das discussões de governo e da iniciativa privada.

Stern está no Brasil para participar do Fórum de Varejo Walmart, que a rede varejista promove hoje em São Paulo. Em seu estudo, o chefe do Instituto Grantham de Mudanças Climáticas e Meio Ambiente da London School of Economics dizia que a não adoção de medidas para conter o aquecimento global geraria gastos equivalentes a 20% do Produto Interno Bruto mundial – e defende que as medidas preventivas demandariam de 1% a 2% do PIB global.

Para o economista, o Brasil tem papel importante neste cenário, principalmente como modelo para outros países em relação ao desenvolvimento e adoção de biocombustíveis. Além do caso brasileiro, Stern citou iniciativas distintas adotadas em todo o mundo ao dizer que não há um modelo único a ser adotado. Ele alerta, no entanto, que o avanço na adoção de medidas para a redução da emissão de gás carbônico depende hoje, fundamentalmente, de vontade política. "Nós sabemos o que fazer. Não temos todos os detalhes técnicos, mas estamos aprendendo. O papel dos líderes políticos é enorme, no sentido de promover a informação correta, de incentivar o desenvolvimento de tecnologia limpa e de combater o desmatamento", defendeu o economista.

Stern acrescentou que o crescimento das economias vai fazer crescer a demanda por energia ao longo dos próximos anos, mesmo que haja sucesso na busca por mais eficiência energética. Por isso, é necessário buscar formas de energia com emissão mínima de carbono. Em paralelo, disse o economista, é preciso ainda chegar a um modelo no qual se recompense o avanço da tecnologia e se cobre pelos impactos ao meio ambiente. "As pessoas não pagam o custo real pelas emissões. A política pública precisa avançar neste sentido", afirmou.

O estudo de Stern diz que as emissões mundiais de CO2, atualmente estimadas em 46 bilhões de toneladas por ano, precisam ficar abaixo de 35 bilhões de toneladas em 20 anos, e cair para a metade disso em quatro décadas. A emissão per capita precisa ser reduzida das atuais 7 toneladas anuais para algo em torno de 2 toneladas/ano até 2050, para que se evite o aumento da temperatura média mundial em cerca de 2 graus.

A jornalista viajou a convite do Walmart.

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