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Rio de Janeiro (Folhapress) – A economia brasileira cresceu 2,3% em 2005, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado mostra desaceleração em relação a 2004, quando o Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços produzidos no país, teve expansão de 4,9%.

Com base nas previsões da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), verifica-se que a expansão da economia brasileira ficou abaixo da média da América Latina. O órgão previa crescimento de 4,3% para a região. Em termos porcentuais, o Brasil teve o segundo pior resultado da região, à frente apenas do previsto para o Haiti – país que se consome na falta de estabilidade política e em violentas disputas internas. Os países que já divulgaram resultados, como Argentina (9,1%), Venezuela (9,0%) e México (3,0%), confirmaram os prognósticos da Cepal, que previa para o Brasil uma alta de 2,5%.

O resultado do PIB em 2005 ficou abaixo, inclusive, da última estimativa feita pelo Banco Central, que era de expansão de 2,6%. Segundo o IBGE, o resultado ficou próximo à média de crescimento dos últimos 10 anos, de 2,2%. Na média do governo Lula, o crescimento da economia ficou em 2,6%. Nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso a média de expansão foi de 2,3%. Analistas destacam, no entanto, que o desempenho da economia foi similar nos dois mandatos, apesar do cenário internacional mais turbulento na gestão FHC.

Segundo Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE, o crescimento menor em 2005 foi ditado pela desaceleração dos investimentos, da indústria de transformação e da agropecuária. De acordo com a análise do instituto, o consumo das famílias foi responsável pelo pouco que houve de expansão. "O ano de 2005 foi de demanda interna, embora menor do que em 2004, puxado pelo consumo das famílias, que foi influenciado pelo aumento do crédito e da massa salarial", afirmou.

Para Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimento, o Brasil não conseguiu tirar proveito da conjuntura econômica global favorável devido aos juros altos e à crise política. "Foi um ano de frustração em relação ao crescimento. Houve uma resistência maior da inflação que forçou o Banco Central a adotar uma postura mais cautelosa. Houve também uma crise de confiança de consumidores e empresários em razão do cenário político."

O aumento na oferta de crédito contribuiu para alavancar o consumo das famílias, que encerrou o ano com crescimento de 3,1%. Foi o segundo ano seguido de avanço nessa área, impulsionada pelo crédito consignado em folha e pelo alongamento de prazos no comércio. Segundo Sandra Utsumi, a melhora dos níveis de emprego e o crescimento da massa salarial também contribuíram para dar mais confiança aos consumidores para assumir dívidas de médio ou longo prazo.

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