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Confira a variação de dez indicadores econômicos do Brasil desde janeiro de 2008 |
Confira a variação de dez indicadores econômicos do Brasil desde janeiro de 2008| Foto:

O ano não está sendo dos mais fáceis para quem se dedica a prever o comportamento da economia. A realidade tem contrariado as (aparentemente) mais sólidas projeções com uma insistência capaz de tirar do sério muito economista-chefe mundo afora. A comparação entre as estimativas que o mercado fazia no início do ano e as previsões atuais oferece uma boa idéia desse desconforto.

O relatório Focus, preparado pelo Banco Central a partir das opiniões de quase uma centena de bancos e consultorias do país, mostra que os números de uma lista de dez indicadores da economia nacional variaram, em média, 80% para cima ou para baixo desde janeiro. Em seis desses dez itens, a variação superou os 25%.

Em 2006 e 2007, nem a realidade foi tão "volúvel": entre o que o mercado previa e o que de fato ocorreu, a margem média de erro foi de 24% e 40%, respectivamente. Felizmente, alguns dos maiores equívocos foram em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu acima do esperado – 55% a mais, no caso de 2007.

Em 2008, um dos exemplos mais claros da mudança de opinião dos economistas é a expectativa para o IGP-DI, índice que compila a inflação no atacado, no varejo e na construção – ela quase triplicou, passando de 4,5% para 11,33%. Por outro lado, no início do ano esperava-se que a taxa básica de juros cairia de 11,25% para 10,75%; hoje, acredita-se que ela vai fechar o ano em 14,75%.

Essa espécie de esquizofrenia não se restringe ao Brasil; aliás, é bem mais intensa no exterior. A crise das hipotecas norte-americanas, que começou um ano atrás, provocou um pandemônio nas planilhas e bolas de cristal de alguns dos mais renomados economistas. Por cinco anos, tempo que durou um dos mais prolongados ciclos de crescimento global já vistos, eles se acostumaram à cômoda posição de prever o quanto (e não se) a economia cresceria. Mas bastou surgir um evento com o qual jamais haviam lidado para que o consenso desaparecesse.

A partir do início da crise, os especialistas começaram a discordar sobre todo tipo de evento: a possibilidade de haver uma recessão; de a economia chinesa ser afetada ou não pelo estouro da bolha norte-americana; de países emergentes se "descolarem" ou não do mundo desenvolvido. Este último item, por sinal, foi dos mais polêmicos. Às vezes no mesmo dia, economistas discordavam em público sobre a idéia do descolamento, cada um se apegando à sua tese com uma lista de argumentos "incontestáveis" – e, nas entrelinhas, considerando um completo descalabro qualquer idéia contrária.

Houve um momento em que a maioria passou a apostar na queda das commodities. No entanto, os principais produtos minerais e agrícolas negociados nas bolsas de mercadorias continuaram subindo, acrescentando uma incerteza do tamanho da China em relação aos rumos da inflação. Complicou tudo.

Nesse contexto, o petróleo provocou algumas das querelas mais inflamadas. O mundo passou a se dividir entre os que apregoavam uma queda monumental nas cotações do barril e os que dariam uma perna caso elas não chegassem a US$ 200 ainda em 2008. Ultimamente, predomina a sensação de que o preço cairá. Mas não se assuste se em duas semanas o Nostradamus da vez afirmar que o óleo vai retomar sua escalada – e que isso já estava claro há mais de ano.

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