Renda do brasileiro, que não sofreu queda, manteve mercado informal aquecido| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

A queda nas exportações e a maior percepção de corrupção contribuíram para a disparada do desempenho da chamada economia subterrânea, no período de um ano até junho, mostra pesquisa da FGV. Nessa fase, que englobou o pior da crise, a geração de riqueza – o PIB – no segmento cresceu 21,5%. Sua fatia na economia brasileira engordou 22,6%. Entende-se como economia subterrânea o segmento formado por empresas e profissionais que não informam ao governo suas receitas e rendas.

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Para a Fundação Getulio Vargas, que calcula o indicador, esses fatores influenciaram mais esse segmento informal do que a desaceleração na economia geral, decorrente da crise, entre o fim do ano passado e o início deste ano. A FGV não calcula o tamanho da economia subterrânea no PIB, mas estima algo entre 10% e 20%.

Nos primeiros meses pós-crise, o mercado informal ainda se beneficiava do aumento da renda do brasileiro, anterior à crise – a massa salarial no país subiu 2,8% nesse período, segundo o IBGE.

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"A crise não teve um impacto direto na economia subterrânea inicialmente, já que o efeito imediato foi a menor oferta de crédito. Esse mercado não depende de crédito. Além disso, a massa salarial alta manteve a demanda por bens e serviços desse mercado aquecida", diz o economista Fernando Holanda Barbosa Filho, da FGV.

"A atividade de exportar exige das empresas uma maior legalização, o que funciona como inibidor da informalidade", diz o economista. A crise reduziu a venda de mercadorias brasileiras ao mundo em 22% entre janeiro e junho."Já a percepção de corrupção dá a empresas e trabalhadores liberais a sensação de impunidade, sendo um incentivo para o não cumprimento de regras", diz o economista.

O desempenho da economia subterrânea entre julho de 2008 e junho de 2009 é o maior desde 2003 para este período de comparação: cresceu 35%. Sua fatia no PIB avançou 17%.

Agora, porém, o efeito da crise já fica mais evidente. No segundo trimestre, o segmento cresceu apenas 1,1% – sua fatia no PIB encolheu 0,8%.