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A economia venezuelana atolou e começa a dar sintomas de algo mais do que fadiga, ao reduzir drasticamente seu ritmo de crescimento para 0,7% no primeiro trimestre, enquanto a inflação dispara em um contexto de falta de divisas, excesso de base monetária e falta de produtos nas prateleiras. A Venezuela acumula nos cinco primeiros deste ano meses uma inflação de 19,4%, um número alto inclusive para o país - onde em 2012 os preços subiram 20,1% -, em um contexto de queda das receitas do petróleo e o ajuste pelos efeitos de uma desvalorização que reduziu em fevereiro o valor do bolívar em 31,7% frente ao dólar.

O dado de maio, 6,1%, não só é ruim comparado com os registros mais próximos, mas inclusive com os históricos, já que há 17 anos a Venezuela não atingia um percentual dessa magnitude.

A notícia é ainda pior se for levada em conta a brusca redução do ritmo de crescimento da economia, que fechou em 2012 com 5,6% de aumento, e só cresceu 0,7% nos três primeiros meses do ano.

A falta de divisas em um país com um controle de câmbio que impede o livre acesso à moeda estrangeira e que tem uma alta dependência das importações abala praticamente todos os setores e se reflete no desabastecimento de produtos. "Entramos em processo bem complicado, no qual o país começa a gerar os sintomas de recessão", disse à Agência Efe o economista César Aristimuño.

As razões para esta situação são muitas: a queda dos preços do petróleo no mercado internacional, uma legislação que tentou controlar os preços ao invés de atacar as causas de sua volatilidade, e uma diminuição da atividade do Estado como motor econômico, segundo economistas.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, atribuiu na sexta-feira a inflação a um "superaquecimento no consumo", mas não deixou de acusar mais uma vez a oposição de promover uma suposta "guerra econômica" a fim de derrubá-lo - uma "estratégia" que, segundo ele, deve ser combatida com "mais e mais socialismo".

No entanto, a Venezuela não conseguiu nos 14 anos do governo de Hugo Chávez aumentar a produtividade, diminuir as importações e organizar uma economia que gere formas de receita alternativas ao petróleo. De acordo com dados extra-oficiais, 96% dos dólares que entram no país se devem à venda de petróleo. E o valor do barril vem caindo.

Além disso, "há muitas contas pela venda de petróleo que não estão sendo efetivamente cobradas", afirmou à Efe a economista Alicia Sepúlveda, citando a amortização das dívidas contraídas com credores como a China e que são pagas com os cerca de 400.000 barris de petróleo que envia diariamente ao gigante asiático.

Aristimuño considera que o país pode ter deixado de arrecadar US$ 4 bilhões como consequência da redução de preços e que o montante de reservas líquidas do Banco Central pode rondar a casa de US$ 2,5 bilhões. "Todos estes elementos nos levam a perguntar realmente quanto realmente de caixa entra no país (...) isso hoje eu me atrevo a dizer que é muito difícil saber", disse Aristimuño.

Assim, o problema econômico parece ter duas soluções: uma difícil e a outra fácil. A primeira, fazer mudanças profundas no modelo. A segunda, que os preços do petróleo voltem a subir. "Com isso se resolve tudo e no governo se faz festa", acrescentou o economista.

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