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Dólar "flerta" com recorde e fecha a R$ 1,95

O dólar ensaiou cair abaixo de R$ 1,90 nesta segunda-feira (18), o que levaria a moeda ao menor valor desde novembro de 2000. Depois de chegar a R$ 1,900 no início da manhã, a cotação, no entanto, se recuperou durante o dia, e a moeda encerrou com baixa de 0,37%, vendida a R$ 1,905.

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Comércio cresce pelo quarto mês, aponta IBGE

O comércio varejista brasileiro cresceu 0,4% em volume no mês de abril, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta segunda-feira (18). Já a receita do setor cresceu 0,8%. As duas taxas são em relação a março de 2007, na comparação com ajuste sazonal. Com esse desempenho, o setor registrou a quarta alta mensal consecutiva.

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A elevada carga tributária, os juros altos e, em especial, a valorização do câmbio vêm afetando o desempenho de alguns setores da economia brasileira. No entanto, o prejuízo maior se verifica nos níveis de emprego, que permanecem praticamente estagnados, ainda que, por exemplo, a produção industrial do país continue apresentando ligeiras variações positivas, porém estáveis. A constatação é de economistas entrevistados pelo GLOBO ONLINE.

Em abril - e em relação a março, segundo dados do IBGE - a produção industrial brasileira caiu 0,1%, a primeira taxa negativa em seis meses. No entanto, em relação a abril do ano passado, houve, crescimento de 6%, marcando a décima elevação e o melhor resultado desde junho de 2005 (6,4%). Nos quatro primeiros meses de 2007, a indústria nacional expandiu-se 4,3% em comparação a igual períododo ano anterior.

Já o desemprego não tem mostrado redução. Segundo o IBGE, apenas nas seis maiores regiões metropolitanas do Brasil, a taxa de desemprego do país não cedeu em abril como era esperado e ficou em 10,1%, a mesma de março. No total das seis regiões, 2,3 milhões de pessoas estavam desempregadas e em busca de trabalho em abril.

Na indústria, no entanto, o emprego cresceu pouco, apenas 0,5% em abril em relação ao mês anterior, na série livre de influências sazonais. Em relação a abril de 2006, a alta é de 1,7% .

O economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgard Pereira atribui, em especial, ao câmbio o descompasso entre as evoluções da produção industrial e do desemprego no país, observado em vários segmentos econômicos.

Conforme explicou, o fator mais relevante desse fenômeno está no crescimento do componente importado da produção industrial. Segundo Pereira, cada vez mais estão sendo importadas matérias-primas, bens intermediários, partes e peças que antes eram produzidas no país.

O economista cita, como exemplo, a indústria automobilística, onde a produção cresce a taxas expressivas, mas o nível emprego não avança na mesma proporção. E isso, observa, porque a participação de componentes importados na produção é muito maior. Em outras palavras, há mais produção, mas com menor demanda de insumos internos.

— Por causa do câmbio valorizado, as empresas se ajustam, procurando reduzir custos e, nessa redução, fazem susbtituição de insumos. Quando se olha no agregado, o que se constata é que a produção industrial consegue crescer mais rapidamente, mas gerando menos emprego — assinala.

A explicação é completada pelo economista Luiz Dias Bahia, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento.

— O que temos observado, a partir da abertura comercial na década de 1990, é que a indústria reduziu muito o emprego, devido à racionalização do processo produtivo e à modernização dos equipamentos. A produção fisica tem crescido, mas com menos quantidade de emprego. É uma espécie de "poupança de mão-de-obra" que se agravou da década de 1990 para cá.

Edgard Pereira ressalta que as taxas de crescimento do consumo, da produção e do emprego seguem um modelo tipo "escadinha": no primeiro caso, a evolução é de 7%; no segundo, de 4%; e no caso do emprego, os índices variam pouco e seguem praticamente estagnados.

Apesar da estagnação nos níveis de emprego, os salários e o número de horas pagas aos trabalhadores da indústria aumentaram em abril deste ano. No caso das horas pagas, a elevação foi de 0,9% em relação a março deste ano. Em relação a abril de 2006, houve crescimento de 1,6% nas horas pagas.

Já o valor da folha de pagamento dos trabalhadores subiu 1,4% de abril de 2006 para abril de 2007, e 3,7% em relação a março deste ano.

China

Para o economista do Iedi, o fator China ainda não afeta os níveis de emprego, mas o fenômeno deveria ser motivo de preocupação do governo, já que, em breve, o gigante asiático deve começar a atuar também no segmento automobilístico, tradicionalmente grande mobilizador de mão-de-obra no país.

— Os chineses estão presentes em todos os setores: desde bens de consumo mais simples, como calçados e vestuário; passando pelo "miolo" da cadeia produtiva, como matérias-primas para a indústria de plásticos e de fertilizantes; até à ponta mais sofisticada, como produtos eletroeletrônicos — diz.

Na opinião de Luiz Dias Bahia, do Ipea, um dos motivos pelos quais setores como o de calçados e vestuário estão enfrentando problemas em relação à concorrência estrangeira, é o de os empresários terem adotado uma estratégia equivocada.

Segundo o economista, um estudo ainda em desenvolvimento pelo Ipea já constatou que os empresários desses têm apostado na redução de custos, como forma de enfrentar os produtos chineses e indianos, quando, de acordo com Luiz Bahia, deveriam investir em estratégias de inovação de produto.

— Os Estados Unidos também sofreram com a invasão de produtos da China de outros países asiáticos, mas reagiram. E não apenas criando criando barreiras alfandegárias. Só isso não protege nem o emprego, nem a produção. O que eles fizeram foi investir fortemente em moda, em qualificação profissional, em inovação de produto. Com isso, acabaram reduzindo a participação do produto do leste asiático a 20% — explica.

— E essa inovação é necessária, porque daqui a pouco virão os automóveis chineses — acrescenta, em tom de alerta, o economista do Iedi, referindo-se à montadora chinesa Chery, que anunciou a instalação de uma fábrica em Montevidéu (Uruguai), ainda este ano, e outra de autopeças em Buenos Aires, ambas em sociedade com o grupo argentino Macri.

O investimento total é de US$ 100 milhões. Segundo estimativas, até o fim do ano, deve começar a chegar ao Brasil o modelo QQ, que deverá ser o carro 0 km mais barato do país.

O economista-chefe do Iedi considera que a única saída para evitar conseqüências piores sobre os níveis de emprego é o reposicionamento da taxa de juros, para diminuir o custo de capital e, como efeito derivado, um ajustamento da taxa de câmbio.

Além de custos de produção e uma carga tributária menores, Edgard Pereira defende também um novo ciclo de investimentos que permita inclusive uma maior modernização da indústria nacional que estimule a geração de empregos.

— Nos últimos cinco anos, a taxa de crescimento acumulado da produtividade da indústria é da ordem de 20% mas, para deslanchar um novo período de investimentos que rejuvenesça a indústria brasileira, precisaríamos de condições mais amigáveis — conclui.

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