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Metrô passa em frente a arranha-céus em Dubai: bolha imobiliária levou estatal a pedir mais tempo para honrar dívidas | Karim Sahib/AFP
Metrô passa em frente a arranha-céus em Dubai: bolha imobiliária levou estatal a pedir mais tempo para honrar dívidas| Foto: Karim Sahib/AFP

Análise

Crise não foi criada pelo emirado

O que vem se chamando de "crise de Dubai" é apenas um pequeno efeito colateral do período de excessos pelo qual a economia global passou entre 2002 e 2007. Pequeno, porque a dívida de US$ 60 bilhões não chega perto dos trilhões que já foram injetados por governos de todo o mundo para salvar o setor financeiro do colapso. O principal medo que emergiu com a notícia do calote em Dubai era o de que grandes bancos ocidentais estivessem expostos a mais uma bolha imobiliária. Pelo que se viu ontem, o impacto em cadeia sobre o sistema financeiro global foi marginal. Por ora.

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Um dia após a notícia de que Dubai quer aumentar o prazo de pagamento de uma dívida de US$ 60 bilhões, o problema passou a ser minimizado por investidores e pelas autoridades, e seus efeitos sobre os mercados foi bem mais leve – tanto que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 1% ontem.Os primeiros a descartar o início de uma reação em cadeia sobre o sistema financeiro internacional foram os políticos europeus – os primeiros-ministros do Reino Unido, Gordon Brown, e da França, François Fillon, repetiram o discurso de que os bancos estão em situação muito mais sólida hoje do que há um ano e que o calote de Dubai não agravará a crise econômica.

O principal medo que abalou os mercados na quinta-feira era o de que grandes bancos ocidentais, em especial do Japão e do Reino Unido, estejam expostos a investimentos bilionários em Dubai. Ontem, já ficou mais claro que a vulnerabilidade é limitada e que o maior problema deve ficar em instituições do próprio Golfo Pérsico. A moratória de Dubai se refere a uma dívida de US$ 60 bilhões da companhia estatal Dubai World e da Nakheel, sua principal subsidiária e incorporadora de três ilhas em formato de palmeira que já atraíram celebridades e milionários.

Efeitos

Os impactos do risco de moratória em Dubai divide os economistas. Para Antonio Madeira, sócio da MCM Consultores, um possível calote pode provocar uma nova fuga de investidores e nesse caso, o Brasil poderia ser prejudicado. "Dubai reacende a preocupação de que mais cadáveres possam surgir à frente", disse.

Segundo ele, caso não haja uma solução para o problema no emirado, o crédito pode voltar a ficar mais difícil ao redor do mundo. "Isso pode segurar o ritmo de recuperação da Europa, Inglaterra e Estados Unidos. Num caso mais agudo lá fora e de aperto de liquidez, pode haver uma correção mais forte de ativos no Brasil", avaliou.

O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, disse que "possivelmente o Brasil deve sentir muito pouco" os efeitos dos problemas que emergiram em Dubai. "O Brasil está sendo poupado desse tipo de estresse", afirmou. Para Barros, "o Brasil já foi eleito pelo voto popular dos investidores do mundo inteiro, percebido como de menor risco, sem bolhas".

A Bovespa recuperou parte das perdas de quinta-feira, com o "efeito Dubai" – o Ibovespa subiu 1% no fechamento. A Bolsa de Nova Iorque encerrou o expediente mais cedo e fechou em queda de 1,48%. Na Europa, a Bolsa de Londres teve ganho de 0,99%, enquanto a Bolsa de Frankfurt subiu 1,27%.

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