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O mundo deve demorar de três a cinco anos para superar completamente a crise econômica iniciada em 2008, com a quebra de instituições americanas de crédito imobiliário. A estimativa foi apresentada neste domingo (10) pelo diretor-executivo da administradora de fundos de investimento Pimco, Mohamed El-Erian, em palestra paralela à programação da Assembleia Geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. "O mundo venceu a guerra mas não alcançou a paz", afirmou.

Ao avaliar a situação atual, El-Eiran esquivou-se de mencionar diretamente os dilemas mundiais acentuados, em certa medida, pelo seu próprio ramo de negócio. Esse é o caso da reorientação dos fluxos de capitais das economias centrais para alguns emergentes, como o Brasil e a China. O efeito menos benéfico desse movimento de capital se dá na valorização excessiva das moedas, contornado por meio de intervenções fiscais e, sobretudo monetárias. Trata-se da raiz da "guerra cambial", termo cunhado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para destacar esse desequilíbrio.

El-Erian preferiu se restringir ao risco da "inércia" dos países desenvolvidos e dos resultados desapontadores de suas políticas de recuperação para a economia mundial. Em seu ponto de vista, trata-se da ameaça mais significativa do momento, provocada "pelo não reconhecimento de problemas persistentes". "Os países avançados estão perdendo o momento. Se não agirem com cuidado, correrão o risco de deslizar para uma década perdida de crescimento baixo, de alto desemprego e de destruição do bem estar social", afirmou. "Isso complica o desafio de alguns principais emergentes de conduzir sua atual fase de crescimento" completou.

Acordo multilateral

Se a diminuição dos riscos presentes na economia é responsabilidade de governos nacionais, a solução definitiva dependerá do FMI e do G-20, grupo das maiores economias do mundo cujos chefes de Estado se reunião em novembro, na Coreia do Sul. Segundo El-Erian, o FMI é a única entidade capaz de atuar como conselheira confiável neste momento e de preencher o atual vazio no centro do sistema internacional.

Mas nenhuma possibilidade de acordo multilateral sobre os desequilíbrios mundiais é vista, entre outros, pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, como uma obra para o curto prazo.

Pouco antes da palestra de El-Erian, Meirelles insistiu uma vez mais que o governo brasileiro não deixará de intervir no mercado cambial, como meio de evitar uma valorização excessiva do real, nem de tomar as medidas monetárias necessárias para conter as pressões inflacionárias. Aconselhou ainda o novo governo, a ser empossado em janeiro de 2011, a ter o cuidado de manter a trajetória declinante da relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB). Por fim, repetiu que o Brasil não pode pagar o preço dos desequilíbrios gerados, em especial, pelos Estados Unidos e a China, mencionada apenas indiretamente.

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