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As ações do setor de energia deram nesta segunda-feira (17) continuidade à baixa registrada no final da semana passada, com os investidores apreensivos em relação à viabilidade do plano de socorro do governo ao segmento, que tem sido prejudicado por custos maiores com o uso de termoelétricas.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou com leve alta de 0,34%, aos 45.117 pontos. O ganho foi amparado no bom desempenho dos mercados internacionais, refletindo a melhora da indústria dos Estados Unidos e a repercussão sem violência do voto favorável da população da Crimeia para anexação à Rússia.

Amenizando a valorização do Ibovespa, as elétricas ficaram entre as maiores perdas do índice no dia, com destaque para Energias do Brasil (-3,65%), Light (-2,17%) e os papéis mais negociados da Eletropaulo (-1,68%).

Na última quinta-feira, o governo anunciou um programa de socorro às distribuidoras de energia, que terão que tomar emprestados R$ 8 bilhões, os quais serão integralmente repassados às tarifas a partir de 2015. "Há incerteza sobre o plano ser ou não suficiente para amenizar o custo total das empresas no longo prazo", diz João Pedro Brügger, analista da consultoria Leme Investimentos. "Além disso, o mercado desaprovou o fato de o governo ter tomado a medida pensando apenas no lado político. O que poderia ser bom ao setor, virou jogada eleitoral", acrescenta.

Segundo o analista, a intenção do governo com a medida emergencial é jogar o repasse nos preços para 2015, adiando o impacto negativo sobre a inflação no país. "É estratégia. Com isso, a inflação ainda estará 'sob controle' na eleição presidencial de outubro, ampliando a probabilidade de uma reeleição da presidente [Dilma Rousseff]", diz.

Para Filipe Machado, analista da Geral Investimentos, desagradou o mercado o fato de o governo ter "dado um tiro no pé". "Ele [o governo] precisou tomar essa medida para resolver um problema que ele mesmo criou, após o processo de revisão tarifária ter praticamente obrigado as companhias a reduzirem suas tarifas de energia", afirma.O volume financeiro da Bovespa ficou em R$ 7,7 bilhões hoje, inflado pelo vencimento de contratos de opções sobre ações (mercado que aposta no valor futuro dos papéis), que movimentou R$ 2,67 bilhões. "A forte queda do Ibovespa na semana passada, quando o índice chegou a atingir os níveis de 2009, também colaborou para o pequeno avanço no dia", afirma.

Os dados dos EUA, diz, também tiveram impacto positivo maior sobre os mercados que o desfecho do referendo na Crimeia. Isso porque, apesar de não ter havido violência durante o processo eleitoral, o resultado desagradou a União Europeia e os EUA.

Assim, ganhou destaque no exterior a produção industrial americana, que se recuperou mais do que o esperado em fevereiro e atingiu a maior alta em seis meses. No período, houve aumento de 0,8%, a maior alta desde agosto, compensando o declínio de 0,9% de janeiro -o maior recuo desde maio de 2009.

Aqui, o boletim Focus do Banco Central mostrou que a expectativa dos especialistas consultados pela autoridade monetária é de que a inflação oficial do país chegue a 6,11% neste ano. Na semana passada, o número era de 6,01%. Há um mês, previa-se 5,93%. A avaliação é que a expectativa já estava sendo considerada no mercado.

Os papéis da companhia aérea Gol avançaram 3,73%, com os investidores digerindo dados operacionais de fevereiro, quando houve alta na receita por passageiro e maior demanda por voos. Apesar disso, analistas ressaltaram que voltou a preocupar a alta de 8% no custo do combustível.

Câmbio

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 0,69% em relação ao real, cotado em R$ 2,346 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, registrou leve desvalorização de 0,04%, a R$ 2,350.

Segundo operadores, a queda do dólar hoje refletiu o alívio de curto prazo com o resultado do referendo na Crimeia. Mesmo assim, a perspectiva é de que a moeda americana volte a ser pressionada nesta semana com a reunião do banco central dos EUA, que deve continuar cortando gradativamente seu estímulo no país. Isso restringiria o volume de recursos disponíveis para investimento em outros mercados, como o brasileiro.

O Banco Central deu continuidade nesta segunda-feira ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalente à uma venda futura de dólares), no valor total de US$ 198,3 milhões.

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