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Não é de hoje que o setor de petróleo e gás pena para encontrar profissionais qualificados. Tanto que a Petrobras, preocupada com a capacidade de seus fornecedores de atenderem às encomendas, começou a patrocinar um programa de qualificação bem antes da descoberta do pré-sal. Nos últimos quatro anos, o Prominp qualificou 78 mil trabalhadores de nível básico, médio, técnico e superior, dos quais 80% foram absorvidos pelo mercado, segundo estimativas da estatal. Para os próximos quatro anos, a meta é qualificar outras 207 mil pessoas.

O encarregado de elétrica José Edson da Silva, que trabalha nas obras de modernização da Repar, a refinaria de Araucária, é um dos 4,5 mil paranaenses que participaram do programa. "Subi de cargo na empresa em que trabalho, que presta serviços para a Petrobras, e meu salário mais do que dobrou depois do curso", conta.

Mas mesmo o Prominp – que se propõe a qualificar pessoas para um dos setores mais promissores da economia, e paga bolsas de R$ 300 a R$ 900 para alunos desempregados – enfrentou dificuldades. Nos primeiros ciclos de treinamento, a maior delas foi preencher todas as vagas, em especial nos cursos de nível básico. "A partir do quarto ciclo do programa, a exigência de experiência para esses cursos foi abrandada, para que mais pessoas pudessem se enquadrar", explica Oscar Tokikawa, gerente de empreendimentos da Repar.

Preencher vagas também é o desafio do Plano Setorial de Qualificação (PlanSeq) da construção civil, que o governo federal lançou ainda em 2008, com recursos de R$ 145 milhões para todo o país. "A região metropolitana de Curitiba tem disponíveis R$ 7,2 milhões para treinar aproximadamente 8 mil pessoas. Mas, até agora, não chegam a 200 os alunos treinados", diz Euclésio Manoel Finatti, vice-presidente de Política e Relações do Trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR).

Segundo ele, o governo federal teria cometido o "erro estratégico" de fazer do PlanSeq um programa exclusivo para beneficiários do Bolsa Família. "Muitos dos que estão no Bolsa Família trabalham na economia informal e recebem dinheiro do governo. Aparentemente, nem todos querem trocar essa condição por receber um salário inicial de R$ 700 na construção", diz Finatti.

O receio de perder o subsídio do Bolsa Família pode estar inibindo candidatos, avalia Marco Antonio Secco, diretor de operações do Senai-Paraná – uma das instituições que executa o programa, ao lado do governo estadual e da prefeitura de Curitiba. "Em Adrianópolis, no Vale do Ribeira, a prefeitura encaminhou 29 alunos para participar do curso. Só quatro apareceram. Coisas assim estão acontecendo em vários estados", diz.

O desinteresse contrasta com a forte demanda da construção civil. O setor contratou quase 8 mil pessoas na Grande Curitiba entre janeiro e novembro de 2009, um aumento de 16% no saldo de ocupados. E o quadro de pessoal precisa crescer mais 15%, segundo Finatti, do Sinduscon. "Precisamos de servente a mestre de obras, e até de engenheiros, em alguns casos. Não chega a faltar mão de obra, o que falta é gente qualificada", explica o empresário, que é dono da construtora Braengel. "Na minha empresa, que tem 30 funcionários, preciso de três pedreiros, dois armadores e dois carpinteiros, pelo menos. Mas não encontro."

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