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São Paulo – Você ganhou aquele "presentaço" hi-tech? Parabéns. Agora o maior desafio é aprender a mexer nele. O sentimento de frustração toma conta de muitas pessoas que sonham com aquele celular que faz tudo mas, quando finalmente põem as mãos no aparelho, sentem-se incapazes para utilizar todas as suas funções. "A lógica dos eletrônicos de hoje está toda errada. Muita gente, por não conseguir usar o dispositivo, acaba achando que é ignorante", diz John Maeda, que tem como profissão buscar formas de descomplicar o uso de equipamentos tecnológicos.

Cientista da computação do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, ele afirma que, hoje, a complexidade das traquitanas digitais é tão grande que só lendo livros de tecnologia para decifrar os mistérios do amontoado de recursos disponíveis.

Maeda acaba de lançar no Brasil o livro "As Leis da Simplicidade", baseado no blog http://lawsofsimplicity.com, que traz dez mandamentos para tornar celulares, tocadores de MP3, PCs e aparelhos de áudio e vídeo mais simples e agradáveis de se usar.

Para o cientista, um dos ícones da complexidade são os celulares. Ele próprio destaca que se atrapalha todo quando faz uma ligação em seu Nokia. "Seria muito melhor se tivéssemos um aparelho mais simples", observa. "E não é difícil imaginar como seria. Ele só precisaria fazer ligações. Não é para isso que um telefone se presta?"

Segundo Maeda, em vez de buscar simplicidade, a indústria vai cada vez mais na direção oposta. "As empresas de tecnologia estão procurando novas formas de fazer dinheiro. E colocar tudo, câmera, tocador de músicas, etc, num aparelho só é uma forma de fazer as pessoas trocarem seus modelos antigos por novos."

Segundo ele, os consumidores embarcam nesse jogo. Devido à grande oferta de eletrônicos com muitos recursos a preços convidativos, as pessoas compram aparelhos com diferenciais que terão pouco uso no dia-a-dia. "Vamos supor que você ofereça a uma criança um biscoito pequeno e um grande. Qual ela irá escolher? O grande, é claro. A mesma coisa acontece com o celular. As pessoas acabam indo para os modelos mais complexos e com recursos desnecessários."

O resultado é frustração. Maeda diz que freqüentemente recebe reclamações de usuários. "Antes, as pessoas achavam que o problema era com elas e se sentiam burras. Mas, aos poucos, começam a descobrir que não estão sozinhas."

Com esse novo cenário, Maeda acha que as empresas precisarão desenvolver produtos não apenas simples, mas com mais relevância para a vida das pessoas. Mas essa reviravolta ainda vai levar tempo. "As empresas não querem colaborar entre si. Cada uma quer ser dona de sua tecnologia e pronto."

Mesmo nesse cenário adverso, ele aponta algumas iniciativas que vão ao encontro da tão necessária simplicidade. Uma delas é o tocador de MP3 iPod, da Apple. "A inovação dele foi justamente o fato de ser fácil de usar."

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