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A primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2006 foi precedida por um acalorado debate entre analistas. A polêmica foi gerada pela redução do número de reuniões neste ano, somada ao fato de a ata do Copom ter classificado como "ótima" a velocidade de queda dos juros em dezembro. Naquele mês, a taxa Selic foi reduzida em 0,5 ponto percentual, para 18% ao ano.

A partir deste ano, as reuniões do Copom deixam de ser mensais e passam a acontecer a cada 44 dias. A ampla maioria dos analistas prevê a manutenção do ritmo de redução da taxa Selic este ano. Isso significa apostar em um corte de 0,75 ponto percentual na taxa básica, levando em conta o maior espaçamento entre as reuniões. Mas as apostas efetivas no mercado futuro de juros mostram uma clara divisão de prognósticos.

- A questão que dividiu as opiniões do mercado diz respeito à interpretação da expressão "velocidade ótima" na queda dos juros. Ela está se referindo a reduções de 0,50 ponto por mês ou 0,50 ponto por reunião do Copom? - diz Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin.

Assim como a maioria dos economistas, Campos Neto aposta em um corte de 0,75 ponto este mês e mais 0,75 ponto em março. Com isso, a Selic será cortada em 1,50 ponto percentual no período de três meses. E como o mercado trabalha com uma taxa Selic de 15% no final de 2006, os defensores desse corte acreditam em uma redução do ritmo antes do meio do ano, com o Banco Central passando para o chamado "ajuste fino" da taxa.

Todos os economistas afirmam ver espaço para cortes mais agressivos na taxa de juros neste ano, mas nenhum ousa apostar em um corte de 1 ponto, por exemplo. Isso porque o perfil conservador do Banco Central não combinaria com essa ousadia.

- O BC é obcecado pelo controle da inflação e não vai priorizar a atividade econômica. E como a inflação mostrou alguns picos em janeiro, temos de esperar nova decisão conservadora - disse Jason Vieira, economista-chefe da consultoria GRC Visão.

Ele descarta a possibilidade de o Copom continuar com cortes de 0,50 ponto percentual por reunião, que representariam reduções mensais de 0,33 ponto. Além de isso representar uma efetiva redução do ritmo de queda, essa decisão seria contrária às necessidades do governo em um ano de eleições presidenciais.

- Os cortes de juros demoram pelo menos seis meses para fazer efeito. E este não é o melhor momento para diminuir o ritmo dos cortes - diz Vieira.

Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, faz parte do pequeno grupo de analistas que apostam em um corte de 0,50 ponto na Selic este mês. Mas ele não aceita ser chamado de mais conservador que os outros, pelo contrário. Rosa acredita que uma velocidade mais lenta da flexibilização monetária poderá dar segurança suficiente ao Banco Central para chegar ao fim do ano com uma Selic inferior a 15%. Mesmo apostando em um corte de 0,5 ponto, o economista prevê uma Selic de 14% ao ano no final de 2006.

- As duas apostas são conservadoras, porque levam em conta uma taxa de 15% no final do ano, apenas 3 pontos abaixo do que temos hoje. Mas pelo que conheço do BC, ele deve preferir um ritmo lento e seguro e poderá chegar mais longe - disse.

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