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Senadora foi eleita em março presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, em substituição ao senador Delcídio do Amaral | Antonio Cruz/Agência Brasil
Senadora foi eleita em março presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, em substituição ao senador Delcídio do Amaral| Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

A presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gleisi Hoffmann (PT-PR), culpou o setor privado pela crise vivida atualmente no Brasil.

A colocação da petista provocou protestos dos senadores que acompanham a sabatina dos diretores do Banco Central (BC) na manhã desta terça-feira (5). O senador Ivo Cassol (PP-RO) foi incisivo na resposta. “É injustiça querer culpar o setor produtivo pela incompetência (do governo)”, disse.

Segundo Gleisi, a crise de 2008 foi provocada pelo setor privado e foi internalizada pelo Estado. “O aumento da taxa de juros brasileira está intimamente ligado a isso. Internalizamos uma crise do setor privado, do setor financeiro. E aí vira discurso que temos que fazer austeridade fiscal, tirar de políticas públicas para dar dinheiro ao setor privado e pagar serviço da dívida”, criticou Gleisi, que em seguida deixou a mesa para participar da Comissão Especial do Impeachment.

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Outros senadores, inclusive Cassol, discordaram de Gleisi e teve início um breve bate-boca. Em seguida, Cassol declarou voto favorável aos diretores, mas advertiu que esperava que honrassem o seu voto de confiança.

“Defendo taxa de juros baixa. Não entendo por que isso não funciona no Brasil”, disse o senador. Ele foi enfático ao dizer que os diretores do BC não podem “vestir a camiseta dos bancos”, ou ele “desceria o cacete”. “Aqui não tem moleza.”

Mais cedo, a senadora Lucia Vania (PSB-GO) afirmou que os problemas fiscais são graves e precisam ser resolvidos. Neste contexto, a parlamentar questionou os indicados sobre como veem a apresentação, pelo Executivo, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que institui um teto para os gastos públicos.

A senadora também questionou os diretores indicados sobre quais medidas são necessárias para que a inflação convirja para a meta de 4,5% já no ano de 2017. Esse compromisso tem sido reiterado pelos indicados em suas falas. “Como fazer isso sem sacrificar a economia?”, indagou Lucia Vania, que também provocou os economistas sobre a eventual necessidade de promover ajustes no regime de metas para a inflação.

BC precisa ter condições para buscar meta, avalia Carlos Viana

O indicado para a diretoria de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Viana de Carvalho, salientou durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado que a instituição busca a meta para a inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e que essa tarefa se faz primordialmente com taxa de juros. “O BC precisa focar instrumento para a missão que lhe cabe. Há custos na implementação dessa política, mas também há benefícios”, argumentou.

O BC, de acordo com ele, precisa ter condições para buscar essa meta e se preocupar também, no caso da questão cambial, com situações em que o mercado não esteja funcionando da forma adequada. Sobre crédito consignado, o futuro diretor comentou apenas que há elementos que são da alçada do BC, mas há outros que transcendem a seara da instituição. “Muito embora os juros (do consignado) não tenham caído para níveis tão baixos como gostaríamos, é um nível baixo para a modalidade. A importância da garantia nesse caso fica muito clara”, argumentou.

Para Viana, a redução dos spreads bancários também não é algo que pertença apenas ao Banco Central. “É uma agenda mais ampla do governo”, disse, acrescentando, inclusive, que, se for aprovado pelo Senado para o cargo, conta com a importância da Casa para atacar esta questão.

Inflação

Viana afirmou que o controle da inflação e a solidez do sistema financeiro são importantes para o crescimento econômico e sustentável do país. Se aprovado pelos senadores após a sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa, Viana afirmou que trabalhará para reverter o quadro atual da economia.

Viana mencionou o período de hiperinflação vivido pelo Brasil e a crise financeira mundial de 2008 como episódios relevantes para entender a importância do papel do Banco Central: “Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda, aqui entendida como uma taxa de inflação baixa e estável, é assegurar um sistema financeiro sólido e eficiente”.

Segundo Viana, a inflação baixa contribui ainda para reduzir incertezas. “Inflação baixa e estável e um sistema financeiro sólido e eficiente contribuem para um maior grau de previsibilidade na economia, com diminuição dos prêmios de risco, alongamento dos horizontes de planejamento de famílias, empresas e governos, e um ambiente com taxas de juros reais de longo prazo baixas e estáveis”, disse.

O diretor indicado disse também que não há dicotomia entre a missão do Banco Central e o desenvolvimento da economia. “Pelo contrário, a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez e eficiência do sistema financeiro pavimentam o caminho para o crescimento sustentável. Da mesma forma, não existe dicotomia entre a missão do Banco Central e a equidade social, uma vez que a inflação elevada e volátil e as possíveis consequências de fragilidades no sistema financeiro penalizam sobremaneira as camadas menos favorecidas da população”, afirmou.

“Nesse sentido, fica claro que a missão do Banco Central não é um fim em si só. Ela é condição indispensável para o desenvolvimento socioeconômico do país”, acrescentou.

Viana mencionou que, “durante aproximadamente uma década”, o tripé macroeconômico (metas para inflação, superávit primário e câmbio flutuante) contribuiu para a ascensão econômica e social do Brasil. “No momento, entretanto, enfrentamos um cenário econômico adverso, que vem impondo altos custos a todos nós brasileiros”, disse.

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