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Co-presidente da Comissão Interamericana de Etanol e irmão do presidente americano George W. Bush, o ex-governador da Flórida Jeb Bush disse nesta segunda-feira (16), em São Paulo, que é favorável à eliminação da tarifa de importação do etanol nos Estados Unidos.

A taxa, que praticamente inviabiliza a entrada do produto brasileiro no país, já que encarece o litro do produto em US$ 0,14 (R$ 0,30). A redução do imposto foi pleiteada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na visita do presidente dos Estados Unidos ao Brasil no mês passado, mas a negociação ainda não teve conseqüências práticas.

Jeb Bush observou que os EUA não cobram tarifas de países exportadores de petróleo, como Venezuela e Canadá, mas que, entretanto, tributa o etanol. "Não faz sentido para mim. Essa tarifa tem de ser eliminada", acrescentou ele, ressalvando que não representa o governo norte-americano.

O ex-governador da Flórida participou, ao lado do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, de um debate sobre o combustível promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), em São Paulo.

Prejuízo de R$ 500 milhões

Rodrigues, que preside a comissão junto com Jeb Bush, calcula que nos últimos dois anos o Brasil gastou cerca de R$ 500 milhões com a tarifa do etanol. "O valor é praticamente cinco vezes o atual orçamento que temos para pesquisa em agroenergia", acrescentou o ex-ministro.

Para Jeb Bush, a idéia de redução ou eliminação dessa tarifa deve ganhar força no Congresso norte-americano nos próximos anos. "Boas idéias, com o tempo, acabam vencendo", afirmou. Ele disse que já existem outros políticos favoráveis à eliminação da tarifa.

A legislação que determina a cobrança tem prazo até 2009, um ano após a saída do irmão de Jeb da presidência dos Estados Unidos. Em visita ao Brasil, em março deste ano, George W. Bush não fez promessas quanto à queda do tributo e atribuiu o imposto à legislação que fica em vigor por mais dois anos.

O ex-governador da Flórida defendeu que, em época de eleições presidenciais nos EUA, a Comissão Interamericana de Etanol deve deixar a proposta clara aos candidatos. Para Roberto Rodrigues, uma solução temporária, seria a aplicação dos recursos gastos com a tarifa em pesquisas no Brasil e nos EUA. Segundo ele, a proposta está sendo debatida entre os governos dos dois países.

Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), aplaudiu Jeb Bush, que condenou o protecionismo tarifário. "Eu acho muito importante que o governador Jeb Bush tenha deixado clara a sua posição a respeito das tarifas. É uma posição muito importante, de alguém que tem uma influência decisiva na formação de política dentro dos Estados Unidos."

Também integra a presidência da Comissão Interamericana de Etanol o presidente do Banco Interamericano do Desenvolvimento, Luiz Alberto Moreno. O ex-premiê do Japão Junichiro Koizumi aceitou o convite e deve integrar a comissão nas próximas semanas, segundo afirmou Jeb Bush.

O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) deve entregar à comissão nas próximas semanas um diagnóstico da produção e consumo da cana-de-açúcar na América Latina. Com o levantamento em mãos, o BID desenvolverá um projeto para cada país, com investimentos norte-americanos e tecnologia brasileira. Nações instáveis

Em sua exposição, Jeb Bush defendeu a criação de um mercado interamericano de energia renovável. Segundo ele, isso beneficiaria os EUA ao evitar ameaças à sua segurança, já que o país depende de fontes de energia de nações definidas por Jeb Bush como "instáveis".

Ele rebateu críticas do presidente cubano, Fidel Castro, de que a produção de combustível a partir da cana-de-açúcar e do milho seria uma ameaça ao abastecimento de alimentos no mundo. Sem citar diretamente Fidel Castro, o irmão de George W. Bush disse que o argumento representa uma "lógica distorcida". Para Jeb, o desenvolvimento de um mercado de etanol geraria mais empregos, renda e comércio.

"Há até um mês, Cuba e Venezuela eram favoráveis ao etanol. Agora, misteriosamente, mudaram de cara", ironizou.

Jeb Bush ainda defendeu que um dos desafios da comissão é desmistificar a idéia de que o etanol ameaça o meio ambiente.

Agenda no Brasil

Na visita ao Brasil, Jeb Bush se reunirá até terça-feira (17) com ministros, executivos e será recebido pelo vice-presidente da República, José Alencar.

Nesta segunda, participa de almoço na Câmara Americana de Comércio de São Paulo, visita a Bolsa de Mercadorias e Futuros e a fábrica da GM.

Acompanhado de integrantes da comissão do etanol, Jeb Bush se reunirá na terça, em Brasília, com os ministros Reinhold Stephanes (Agricultura), Silas Rondeau (Energia), Miguel Jorge (Desenvolvimento) e Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia). O grupo também visita o Palácio do Planalto, onde se reúne com José Alencar.

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