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O embaixador do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) e candidato a dirigir a entidade, Roberto Azevêdo, acredita que o país oferece "um universo de oportunidades" para os investimentos e destacou o "grande mercado interno" brasileiro depois que 32 milhões de pessoas deixaram a pobreza.

Em entrevista à Agência Efe, Azevêdo citou entre os setores mais pujantes as infraestruturas, as telecomunicações, o turismo, o setor de serviços, os serviços financeiros e a energia, após a descoberta do pré-sal.

"Na área das infraestruturas, há oportunidades em quase tudo: construção de portos, aeroportos e estradas", detalhou.

Azevêdo, que pretende substituir o francês Pascal Lamy como diretor-geral da OMC no próximo mês de maio, garantiu que o reduzido peso do setor exterior sobre o PIB do Brasil (aproximadamente 15%) "não significa que seja um mercado pouco aberto, mas é um mercado grande".

Crescimento

O embaixador considerou que "é natural" que quando existem mercados internos bastante desenvolvidos, "a participação externa não seja tão grande".

Além disso, Azevêdo defendeu a política econômica baseada na despesa social do Governo Federal, que "tirou 32 milhões de pessoas da linha da miséria" e as inseriu no "grupo de consumo".

Azevêdo salientou que esta política permitiu o crescimento do mercado interno e da economia brasileira "de forma sustentável e robusta nos últimos anos", e não acredita que isso represente um empecilho para o crescimento do país, embora reconheça que houve uma desaceleração, que "se estabilizará" nos próximos anos.

Crise

O embaixador acredita que os países-membros da OMC concordam na necessidade de liberalizar o comércio internacional, mas atribui os poucos avanços neste aspecto à crise econômica dos países desenvolvidos, porque é mais difícil dar estes passos "quando há desemprego ou quando cai a capacidade de investimento e os mercados se reduzem".

No entanto, vê "a luz no final do túnel" no que se refere à recuperação econômica e situa entre suas prioridades, se for eleito diretor-geral da OMC, o desbloqueio da rodada de Doha (estagnada desde julho de 2008) para avançar na liberalização do comércio.

Para isso, considerou adequado "identificar o possível e não o desejável", e ressaltou que "não há uma receita mágica" que substitua o diálogo "intenso" entre todos os membros da organização.

"O que a OMC requer hoje é uma combinação de pragmatismo, realismo, ambição e confiança", comentou Azevêdo.

O embaixador também acredita que os acordos parciais no seio da OMC "são úteis", mas "não são suficientes", porque "até que não haja um acordo global na rodada de Doha" o sistema multilateral de comércio seguirá estagnado.

Candidatura

Em relação à sua candidatura para dirigir a OMC nos próximos quatro anos, Azevêdo afirmou que "é importante" que o eleito seja de um país em desenvolvimento que "legitime a organização" e demonstre que "o mundo em desenvolvimento está muito bem equipado para oferecer candidaturas de alto nível".

No entanto, destacou a sua acima das outras oito apresentadas por sua experiência de 16 anos na organização.

Azevêdo disse sentir-se respaldado pela presidente Dilma Rousseff e "muito contente" com as reações dos países que visitou, mas evitou comentar suas possibilidades, avaliar seus apoios ou criticar explicitamente os outros candidatos.

"Eu gostaria ter o apoio de todos os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), assim como de todos os membros da organização", declarou.

Dentro de seu programa prevê facilitar o acesso à OMC (que tem agora quase 160 membros), para que "todas as regiões geográficas participem do sistema multilateral de comércio internacional", especialmente os países árabes, metade dos quais não pertencem à organização.

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