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Curitiba – O aparecimento do foco de febre aftosa no município de Eldorado, Mato Grosso do Sul, deve representar um prejuízo de até US$ 1 bilhão às exportações da carne bovina brasileira. A informação é da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que estima uma redução de 30% na previsão de faturamento para 2005. As exportações do produto, que deveriam representar US$ 3,3 bilhões e um volume de 1,9 milhão de toneladas, não devem atingir US$ 2,5 milhões. De janeiro a setembro, a receita foi de pouco mais de US$ 2,2 milhões.

Isso também significa que o Brasil não sustentou por nem um ano a posição de principal exportador mundial de carne bovina. A liderança, que deixou para trás a Austrália, ficou ameaçada. Para o chefe do Departamento de Comércio Exterior da CNA, Antônio Donizeti Beraldo, até fim do ano os australianos "seguramente" reassumem a primeira posição do ranking. Na avaliação de Donizeti, o cenário revela que, apenas uma semana após o surgimento do foco da doença, a ameaça da febre aftosa já se configurou em prejuízo à pecuária de corte no Brasil.

A análise da confederação leva em conta o fechamento dos principais mercados da carne brasileira. Entre eles estão os países da União Européia, como Itália, Holanda, Reino Unido e Espanha, que respondem por 30% das exportações; a Rússia, com 17%; Egito, 6%; e Chile, 3,5%.

O efeito quantitativo calculado pela CNA sugere um tempo mínimo de seis meses para que a situação comece a se normalizar. "Até lá já fechamos o ano", lembra Donizeti, para quem o prejuízo à referência sanitária do Brasil vai perdurar pelos próximos dois anos. O último foco de febre aftosa registrado no país, em áreas livres com vacinação, foi em 1999, em Naviraí, também no Mato Grosso do Sul.

A situação do rebanho bovino ainda compromete um desempenho sem precedentes na pecuária brasileira. As exportações do complexo carne, sustentadas também por suínos e aves, saltaram de US$ 1,9 bilhão em 2000, para US$ 6,1 bilhões em 2004. E neste ano, se não fossem os embargos provocados pela febre aftosa, a estimativa seria atingir US$ 8 bilhões, para um volume de 4,7 milhões de toneladas.

No mercado paranaense, com o embargo de 20 dos 47 países importadores, a doença compromete 23% do volume e 37% do faturamento com as exportações. Com 8 milhões de cabeças, o Paraná é o 10.° estado em rebanho e o 6.º em exportação. O último caso de febre aftosa foi registrado em 1995.

Entenda o caso

O foco de febre aftosa foi confirmado dia 10 de outubro, em Eldorado, a 30 quilômetros da divisa de Guaíra, no Paraná. Nesse mesmo dia, os 582 animais da fazenda começaram a ser sacrificados. O Paraná instalou barreiras sanitárias e proibiu o trânsito de animais e carne bovina nas regiões da divisa com o Mato Grosso do Sul. Mais 30 de países decretaram embargos, parcial ou total à carne bovina brasileira. Desses, 20 fecharam o mercado também à carne paranaense.

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