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A atual crise econômica está prejudicando mais o setor aéreo do que os ataques de 11 de setembro de 2001, afirmou nesta sexta-feira o presidente da Embraer, Frederico Curado, durante o Reuters Latin American Investment Summit.

Conforme o executivo, a retração no setor em 2001 foi decorrente de um choque que "criou uma aversão muito aguda" ao transporte aéreo, mas em 2003 a indústria já estava se recuperando.

"A crise agora é uma combinação de dois pontos negativos que se exponenciam, não se somam... O primeiro é a queda na demanda e o segundo, o crédito", comentou. "Essa é uma indústria totalmente alavancada", disse, referindo-se à aviação comercial. Pelo "efeito danoso" da contração na oferta de crédito, ele não vê recuperação na aviação comercial antes de 2011.

Curado vê alguns sinais pontuais que podem indicar a proximidade do fundo do poço. "Após a explosão da crise, de janeiro para cá, estamos verificando empresas e indivíduos fazendo pagamentos pré-entrega. Isso indica intenção de receber avião. É um sinal frágil, mas é um sinal."

Apesar disso, a fabricante está em negociações com clientes sobre possíveis cancelamentos de pedidos, mas nada que ameace a previsão de entregas de 242 aviões pela Embraer nas áreas comercial, executiva e de defesa em 2009, de acordo com Curado.

No começo desta semana, a companhia aérea chinesa Hainan reduziu a encomenda de jatos de 50 lugares da Embraer pela metade, para 25 aeronaves. "Isso não é representativo da situação geral... Existem clientes com dificuldade, mas nada desse tamanho. Não vemos nada grave que ameace nossa previsão (de entregas)", afirmou, acrescentando que 100 por cento da produção para este ano está vendida.

A Embraer ainda não revelou ao mercado sua previsão de entregas para 2010, por não ter um cenário claro de como estará a economia mundial. Curado antecipou que espera para o ano que vem um número de entregas de aviões similar ao do atual exercício.

Ele reiterou que a Embraer descarta financiar diretamente seus clientes e pediu que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) "seja mais ativo" na oferta de crédito para companhias aéreas. O banco de fomento deve financiar de 25 por cento a 30 por cento das entregas da Embraer em 2009 para o segmento de aviação comercial, acima dos 11 por cento do ano passado.

Segundo Curado, na aviação executiva --outro importante nicho de negócio da Embraer-- as entregas globais de jatos, por toda a indústria, caíram 30 por cento e devem levar de cinco a seis anos para que voltem aos níveis de 2008.

Ainda assim, ele aposta que a Embraer se sairá bem em relação aos rivais nesse segmento, ampliando a participação no mercado devido à ampliação da linha de produtos nessa área.

"As reduções de entregas (na aviação executiva no mundo) estão, em média, na ordem de 30 por cento. Nós não fomos impactados nessa ordem."

Em meio à crise que afeta o crédito para as companhias aéreas e as fortunas de clientes e potenciais compradores de aviões executivos, a Embraer aposta na área de Defesa e governo.

Em abril, a empresa assinou acordo com o governo brasileiro para o desenvolvimento do avião de carga e reabastecimento KC-390. O investimento no projeto será de 1,3 bilhão de dólares, totalmente suportado pelo Orçamento da União ao longo dos próximos anos.

Curado disse que a Embraer espera ampliar a fatia do segmento de Defesa e governo no total da receita da companhia para 15 por cento, frente a 8 por cento no ano passado. Isso antes mesmo das primeiras entregas do KC-390, que devem acontecer a partir de 2016 e ampliarão o peso da área nos negócios da fabricante.

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