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Galvan pagou R$ 228 e viajou no mesmo voo de Karina, que gastou só R$ 161 na passagem. | Antônio More/ Gazeta do Povo
Galvan pagou R$ 228 e viajou no mesmo voo de Karina, que gastou só R$ 161 na passagem.| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

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Liberdade

A liberdade tarifária para as companhias aéreas no Brasil completou onze anos em 2012 (até então, o Departamento de Aviação Civil tinha um sistema de preços para a venda de passagens) com relativo sucesso. Na última década, o preço médio da passagem aérea nacional caiu mais de 40%, de acordo com a Anac.

Todos os dias da semana, em diferentes horários, duas empresas de ônibus operam o trecho entre Curitiba e São Paulo. Seja segunda-feira de manhã, ou sexta-feira à noite, véspera de feriado, o preço da passagem é mesmo para todo mundo: cerca R$ 79, dependendo da classe escolhida.

O mesmo não ocorre com o avião. Todos os dias, às 13h13, o voo Azul 4252 decola do Ae­roporto Afonso Pena para Viracopos, em Campinas. Se estiver lotado, nele estarão 100 passageiros que, provavelmente, não pagaram o mesmo valor para estar ali. Na última segunda-feira, os passageiros Karina de Paula Pereira e Enrique Galvan pagaram uma diferença 41% pelo mesmo voo, o mesmo trecho. Enquanto Karina pagou R$161, Galvan pagou R$ 228. E os dois compraram os bilhetes em agências de turismo.

Para evitar essa disparidade, o presidente da Embratur, Flávio Dino, enviou ofício ao ministro do Turismo, Gastão Vieira, propondo impor um teto às tarifas aéreas no país. Na opinião de Dino, as passagens estão sendo elevadas gradualmente, o que pode se tornar um empecilho para a circulação de brasileiros e estrangeiros nos próximos meses, principalmente durante a realização dos grandes eventos e vésperas de feriados.

Um levantamento da Gaze­ta do Povo, feito em dezembro de 2012, revelou que os bilhetes para uma mesma data e trecho tinham diferenças de até 260%. "Isso não pode acontecer, principalmente num país que quer aumentar o fluxo de turistas. A liberdade tarifária só é benéfica quando há um grande número de empresas concorrentes, o que não é o caso no Brasil", diz o presidente. Segundo o IBGE, em novembro e dezembro de 2012, houve aumento nas passagens de 11,8% e 17,12%, respectivamente, totalizando 30,94% em dois meses. "Caso se consolide como uma tendência, está em manifesta incongruência com uma inflação próxima a 5% ao ano e a uma taxa Selic da ordem de 7,25%".

Na opinião do advogado es­pecialista em Direito Ae­ro­náutico da Sociedade de Ad­vogados Alceu Machado, Sperb & Bonat Cordeiro, André Luiz Bonat Cordeiro, a aviação brasileira é um serviço público, portanto, é justo estabelecer um teto tarifário, como ocorre em outros serviços. "Táxi, transporte coletivo, transporte interestadual, ferroviária, todos têm tarifas reguladas pelo estado. O estado deveria adotar um controle mais agressivo com as aéreas", diz.

Precipitado Na última década, o preço médio da passagem aérea nacional caiu mais de 40%, de acordo com a Anac. Em 2012, o valor da Tarifa Aérea Média Doméstica Real referente ao período de janeiro a setembro de foi de R$ 273,32. Em 2002 era de R$ 468,71. Ainda segundo a Anac, 68,89% dos assentos comercializados de janeiro a setembro do ano passado foram vendidos com valores inferiores a R$ 300. Tarifas inferiores a R$ 100 representaram 15,63% em igual período. Passagens com valor superior a R$ 1.500 representaram 0,23% dos bilhetes vendidos.

Para o economista da Unicamp e pesquisador do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), Humberto Bettini, Flavio Dino está acionando um gatilho precipitadamente e arbitrando sobre uma base de comparação muito estreita. "O estabelecimento de preço-teto provocaria um excesso de demanda se implantado em nível inferior ao preço vigente, e um excesso de oferta se implantado em nível superior ao preço vigente", afirma. "A formação de preços das empresas aéreas é um processo cuja determinação é dinâmica e influenciada com inúmeras variáveis (horário do voo, antecedência da compra, dia da viagem, etc.). Como determinar preços-teto neste cenário?", questiona.

Procurada pela reportagem, a Associação Brasileira das Empresas Áreas (Abear) – que reúne as principais companhias do país –, afirmou que não iria comentar o assunto.

Como pagar menos

Conseguir passagens baratas não é sorte, é habilidade. Há quem passe o dia procurando e defina o próximo destino de férias com base nas promoções das companhias aéreas... Mas esses dias terminaram. Mesmo que você não seja um fanático por cotação de passagens aéreas, confira algumas dicas que vão lhe ajudar a pagar menos (muito menos):

Data e horário

Empresas aéreas dão descontos em voos menos solicitados, com horários das 10h às 16h. Embarques às terças, quartas e sábados também costumam sair mais em conta. O horário da compra também influência: a madrugada é mais barata.

Antecedência

O ideal é comprar a passagem com 60 a 90 dias de antecedência. Ser flexível também é importante. Mudar datas previstas sai mais barato que pagar pelo valor de uma passagem no domingo.

Promoções

Aproveite as promoções-relâmpago das companhias. Mas atenção com as letrinhas minúsculas. Normalmente há um tempo mínimo de permanência no destino e não é possível trocar voo ou data.

Milhas

Aproveite os pontos acumulados. É mais vantagem usá-los nos períodos de alta temporada, quando as passagens sobem naturalmente de preço.

Buscadores

Sites de busca e comparadores de preço, como o Skyscanner e Decolar.com têm tarifas promocionais que não são encontradas na página web da empresa. Mais cuidado: os portais são agências de viagem e cobram taxa de serviço.

Leilões e compras coletivas

Sites de compras coletivas divulgam pacotes que incluem trechos aéreos. A compra pode ser uma ótima opção, mas é necessário tomar cuidado com as restrições desses cupons, pois muitos permitem apenas viagens na baixa temporada ou em dias de semana.

Voe por outras companhias

Muitas empresas oferecem voos a custos reduzidos – e nem por isso são as mais populares. Se a meta de uma viagem é economizar e conseguir a tarifa mais barata possível, aposte em companhias menores.

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