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Os desbancarizados são 41,9% da população brasileira acima de 18 anos, segundo o IBGE: juntos, possuem renda anual de R$ 665 bilhões | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Os desbancarizados são 41,9% da população brasileira acima de 18 anos, segundo o IBGE: juntos, possuem renda anual de R$ 665 bilhões| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Nome sujo

Empresas não fazem restrição a inadimplente

No último ano, surgiram muitas empresas oferecendo os cartões pré-pagos. Na Super, que entrou para valer nesse mercado em 2013, para ter um cartão pré-pago basta ser maior de idade e ter CPF. Não há restrição para quem está na lista dos inadimplentes, diz Luiz Almeida, vice-presidente da empresa. Paga-se R$ 4,90 pelo uso do ContaSuper, que dá direito a compras, recargas, pagamento de contas e transferências para outras contas.

Outra empresa, que entrou no mercado em janeiro do ano passado, é a Acesso Card. O cartão pré-pago permite acesso a compras pela internet e pode ser carregado para dar mesada ao filho ou à mãe, ou ainda pagar os empregados. Custa R$ 14,90 para emissão e cobra-se R$ 2,50 para cada recarga, que pode ser feita em supermercados, farmácias e postos de gasolina. "Se a pessoa não quiser mais usar, pode se desfazer sem ter que fechar a conta como num banco", diz Bernardo Faria, diretor executivo da Acesso Card.

Um novo tipo de público virou alvo prioritário de empresas que oferecem cartões de crédito ou pré-pagos: são os chamados desbancarizados, que não têm conta em banco. Eles representam um universo de 55 milhões de pessoas acima de 18 anos, ou 41,9% da população brasileira acima dessa faixa etária, que soma 131,09 milhões de habitantes, segundo dados do IBGE. O interesse por essa turma tem um motivo: juntos, possuem renda anual de R$ 665 bilhões para gastar, equivalente ao PIB de países como Chile, Cingapura e Hong Kong.

"Além de mais seguros do que carregar dinheiro vivo, os cartões são um símbolo de status para essa parcela da população rejeitada pelos bancos. Mas a falta de educação financeira continua sendo um fator de risco, já que há possibilidade de se cair numa ciranda financeira com o uso do rotativo", avalia o professor Samy Dana, da FGV-SP.

Os desbancarizados são autônomos, donas de casa, empregados sem carteira assinada, profissionais liberais. Gente que nunca viu necessidade de abrir conta em banco e pagar tarifas que vão de R$ 9,50 a R$ 65 por mês, segundo a associação Proteste. É o caso da dona de casa Rosemary Aparecida Destro, 33 anos, moradora de Sorocaba (SP). Ela afirma que nunca precisou ter conta corrente num banco.

"Já tive uma conta salário, porque arrumei um emprego com carteira assinada. Quando pedi demissão, fechei a conta e nunca mais abri. Não sinto falta. Para fazer minhas compras fiz um cartão de crédito e pago R$ 6,99 ao mês se usar o cartão. Se não usar, não pago. Se gastar além do limite dele, pago taxa extra de R$ 15", diz.

Concorrência acirrada

Entre os que preferem se manter longe dos bancos também estão pessoas com o perfil do motorista de caminhão Jarbas Rodrigues Santos, de São Paulo. Autônomo, ele conta que pediu um empréstimo de R$ 3,5 mil no banco em que tinha conta havia muitos anos para reformar seu veículo. Ouviu do gerente que "as coisas não eram tão fáceis assim". Fechou a conta e partiu para um cartão como o de Rosemary.

"Entre os desbancarizados há ainda gente excluída do sistema financeiro porque os bancos não chegam até eles. Também há aqueles que ficaram com o nome ‘sujo’ e fecharam a conta porque acham que a instituição não fez nada para ajudar. E existe uma fatia de desbancarizados com renda alta que simplesmente não confia nos bancos", diz Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, que traçou o perfil dessa turma.

No mercado de cartões, o movimento de empresas de diversos setores oferecendo plásticos a esse público é crescente. Com a decisão do Banco Central, no fim de 2013, de regulamentar os pagamentos móveis no país, os especialistas avaliam que a concorrência vai aumentar ainda mais.

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