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Arivanil de Melo e seus dois funcionários na Pro-Tech: abertura de vagas nas microempresas ocorre aos poucos | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Arivanil de Melo e seus dois funcionários na Pro-Tech: abertura de vagas nas microempresas ocorre aos poucos| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

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Movimento cresce no Sebrae

Segundo o Sebrae, a procura pela abertura de empresas na Central Fácil – um serviço que facilita e acelera o processo para registrar uma firma – foi forte no primeiro semestre. "Atendemos mais de 16 mil pessoas e 1,5 mil empresas foram registradas. Neste ritmo, vamos bater facilmente as 2,7 mil que usaram o serviço no ano passado", conta Juliana Schvenger. A Central Fácil reúne Junta Comercial, prefeitura, Receita, bombeiros e entidades representantes dos contadores. Um registro sai em 15 a 30 dias, dependendo do ramo do negócio, a um custo que varia de R$ 100 a R$ 200. Em Curitiba o serviço funciona na sede do Sebrae (Rua Caeté, 150) e nas Ruas da Cidadania do Boqueirão, Pinheirinho, Fazendinha, Cajuru, Boa Vista, Santa Felicidade, Bairro Novo e CIC. As sedes do Sebrae em Maringá e Londrina também têm salas da central.

  • Veja tabela com o saldo de empregos

A geração de empregos no Paraná entre setembro de 2008 – quando começou a fase mais aguda da crise econômica – e agosto deste ano ficou concentrada nas microempresas. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, empregadores com até quatro funcionários abriram 83,6 mil postos de trabalho nesse período. Foi o único grupo que teve saldo positivo em 12 meses.

Nesse período, as empresas com cinco funcionários ou mais fecharam 48,4 mil postos de trabalho. Assim, o saldo de 35,2 mil empregos gerados no período foi sustentado apenas por microempresas, novos empreendimentos e empregadores domésticos – pelo critério usado no Caged, entram na conta todas as empresas que tinham até quatro funcionários em janeiro de cada ano.

"Não é um comportamento surpreendente do mercado de trabalho, porque a crise teve um efeito inicial maior nas grandes companhias exportadoras e seus fornecedores", diz o economista Luiz Alberto Esteves, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "Historicamente a geração de vagas é mais dinâmica nas microempresas que, menos atingidas pela crise, continuaram um ciclo de crescimento."

Além de não estarem ligadas aos segmentos de produção de bens de capital e de consumo duráveis, os mais atingidos pela queda abrupta na demanda, as microempresas tendem a prestar serviços e vender produtos essenciais, como cortes de cabelo e alimentação. "As microempresas também são menos suscetíveis aos problemas que vimos no crédito. Elas estão acostumadas a ter pouco acesso a serviços bancários e usam o giro do caixa para manter o dia a dia dos negócios", comenta Daniel Rossi, coordenador do curso de Admi­nistração da Universidade Positivo.

A concentração da abertura de vagas no grupo de até quatro trabalhadores revela uma rotatividade alta nos pequenos empreendimentos. Firmas com folha de pagamento com cinco a cem pessoas fecharam quase 32 mil postos de trabalho. São muitas empresas já dependentes do crédito bancário, que reduziram o quadro de pessoal ou fecharam as portas. Pelos critérios usados na pesquisa do Caged, é possível afirmar que boa parte da abertura de vagas ocorreu em novos negócios, mesmo que com mais de quatro funcionários.

Nas contas do Sebrae, foram abertas 28 mil empresas no Paraná no primeiro semestre deste ano, uma alta de 7% na comparação com o mesmo período de 2008. "As pequenas respondem por 60% dos empregos formais e 44% da massa salarial do estado. O empreendedorismo continua em alta, mas nós ainda vemos que há bastante amadorismo na gestão dos negócios", afirma José Ricardo Castelo Campos, gerente da regional Centro-Sul do Sebrae-PR.

Uma característica da abertura de empregos em microempresas é que ela acontece aos poucos e de forma pulverizada. A Pro-Tech Acabamentos, uma firma de pinturas especiais para construção civil, abriu as portas há seis meses, quando foram contratados os dois primeiros funcionários. Com a formalização do negócio completada, seu proprietário, Arivanil Ri­­bei­ro de Melo, faz planos para au­­men­­tar o quadro de pessoal. "O pro­­jeto prevê a necessidade dez pessoas para a operação em plena capacidade. Fiz bons contatos no meio e os clientes estão chegando conforme a qualidade do trabalho fica conhecida", conta Melo, que trouxe a ideia do negócio dos Estados Unidos, onde morou por dez anos com a família.

O microempresário Rafael Otto Schneider Dias também se prepara para abrir vagas de trabalho. Nos últimos seis meses ele virou sócio de três empresas em segmentos bem diversos – uma de webdesign, uma de vistorias de veículos e outra de cálculos judiciais, que já contratou a primeira assistente. "Por coincidência apareceram várias oportunidades ao mesmo tempo e eu decidi arriscar", diz Dias, que também é professor de História no ensino fundamental.

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