Determinar o valor de uma empresa convencional já não é uma tarefa simples. Investimentos, rentabilidade, concorrência, participação de mercado e potencial de rendimento futuro entram na conta. Na hora de avaliar um negócio inovador, a missão é desafiadora. A análise pode começar a partir de uma ideia promissora ou uma empresa nascente com uma proposta inédita – ou com poucos modelos semelhantes –, o que complica as comparações necessárias para a análise e amplia o risco do investidor.
Em mercados mais desenvolvidos como os Estados Unidos, os parâmetros são mais claros e fica fácil o investidor e o empreendedor se entenderem sobre quanto vale uma startup e o futuro incerto que ela pode ter. O volume de negócios no mesmo modelo dá o balizamento necessário para essa negociação. No Brasil, essa condição ainda está em desenvolvimento. “No fundo, é um exercício para chegar a um ponto de acordo entre as partes, empreendedor e investidor”, resume Rodrigo de Alvarenga, diretor regional do Startup Grind, em Curitiba, e sócio da Hag Consulting & Venture, especializada em consultoria para desenvolvimento de empresas.
De acordo com Alvarenga, a percepção de que somente a ideia de negócio já tem algum valor de mercado é uma característica do ambiente brasileiro. “A ideia inicial vale o quanto ela custa para ser tirada do papel. E o investidor ainda vai avaliar se o produto tem mercado, se a proposta original é viável e, principalmente, se a equipe envolvida tem condições de mudar de trajetória, se o primeiro projeto não der certo”, conta. A decisão passa muito mais pelo instinto e experiência do investidor do que pela análise financeira da proposta.
Na avaliação de Allan Costa, mentor e investidor de startups, as apostas em ideias são muito difíceis de ocorrer. O nível de risco neste estágio é alto e afugenta investidores. “Quanto mais avançado for o estágio do novo negócio, maior sua possibilidade de conseguir um bom valuation”, diz.
Nos negócios em operação, ainda que iniciais, a análise será financeira e é preciso ter controle total da empresa para garantir bons argumentos na hora de negociar para captar recursos e conquistar um sócio capitalista. Mas é essencial estar comprometido com o projeto. “Criar empresa para captar investimento não é um modelo de negócio. O empreendedor precisa ser engajado e acreditar no projeto”, alerta Alvarenga.