Alex Lin (à direita),fundador da Bubble Mix Tea, e Marco Zanardini, que abriu uma franquia da marca, em Curitiba| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Enfim chegou o sonhado momento de abrir o seu negócio próprio. O que é melhor: abrir uma franquia, ou investir em uma ideia nova para virar franqueador, no futuro? A resposta é que depende do que você quer fazer com o seu dinheiro. Conheça um pouco mais destes dois perfis, na explicação dos consultores Lyana Bittencourt, do Grupo Bittencourt, e Paulo Ancona, da Vecchi Ancona Inteligência Estratégica.

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Franqueador: é o empresário que vai começar um negócio do zero, e acredita tanto na ideia que quer convencer outras pessoas a ganharem dinheiro com ela. É arriscado (o negócio pode não vingar) e exige muito planejamento. Para franquear é preciso ter um modelo de negócios bem definido, um diferencial, e a capacidade de treinar e monitorar seus franqueados.

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Franqueado: ideal para quem tem um dinheiro para investir e quer apostar em um negócio seguro, que já foi testado e mostrou que dá certo. Boa alternativa para quem quer ser chefe de si mesmo, mas não quer se dar ao luxo de arriscar todas as suas fichas (embora, é claro, haja riscos, como em todo negócio). Uma opção, cada vez mais popular, é gerenciar uma rede de franquias. Muitos empresários optam por ter uma rede de, digamos, 50 lojas de uma mesma marca. Ou mesmo por investir em diferentes setores diferentes, para minimizar os riscos de perdas sazonais.

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Em resumo, é isso aí. Na teoria. Mas para tentar entender, na prática, qual o seu perfil empreendedor, pense nestas perguntas:

Você quer defender com todas as suas forças uma determinada ideia, no seu negócio?

Sim? Então o jeito é abrir um negócio próprio, e depois lutar para vender franquias, se for o caso. Este tino inovador pode ajudar a pensar em um modelo de negócios completamente novo. Se você conseguir validar a ideia no mercado e fazer a coisa andar, pode pensar em virar um franqueador.

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Se essa não é a sua praia, fique livre para comprar uma franquia. Mas lembre-se: mesmo que a marca não seja sua, é preciso ter alguma identificação com a área em que vai trabalhar.

Tem alguma obstinação em inovar, solucionar alguma demanda da sociedade?

Vale o mesmo da pergunta anterior. Se você acha que pode resolver o problema das pessoas de uma forma nova, na qual ninguém pensou ainda, parta para o negócio novo. E depois pense em escalar.

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Qual sua disposição em arriscar seu dinheiro?

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Todo negócio é arriscado. Mas abrir uma coisa nova, do zero, é mais ainda, já que não há dados de mercado para um mercado que ainda não existe. Se você não tem muita disposição de arriscar seu dinheiro (talvez porque seja a única reserva da sua vida), pode ser melhorar comprar uma franquia, investir em algo que já provou que dá certo.

Quanto tempo você quer dedicar ao seu negócio?

Um negócio iniciado do zero exige 100% do seu tempo (e exigiria mais, se fosse possível). Tem gente que simplesmente não está afim de se doar tanto assim, quer ficar mais tempo com a família, ter um complemento de renda, uma aposentadoria. Neste caso, pesquise por franquias com uma rentabilidade que te permita contratar um gerente sem comprometer o seu retorno financeiro. Mas lembre-se: o dono, como um líder, é quem deve tomar as rédes do negócio, mesmo sem estar presente o tempo todo na empresa.

Histórias de empreendedores

Por quê escolhi ser franqueado: Robison da Silva, da Cooper Kap

Ricardo dos Passos Zorzetti e Robison Leandro da Silva , sócios da franquia Cooper Kap em Jaraguá do Sul (SC) 
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Robison da Silva tinha menos R$ 30 mil na conta quando resolveu abrir uma franquia da Cooper Kap, de venda de tapetes, em Jaraguá do Sul (SC). Do investimento inicial de R$ 14 mil, ele mal tinha a entrada, de R$ 5 mil. Metade da grana veio de um colega de trabalho, Ricardo Zorzetti, que virou sócio no negócio.

Faltavam ainda quatro parcelas de R$ 2.250. A esposa de Robison pediu um consignado para pagar o valor e, no dia seguinte, largou o emprego (que pagava um salário mínimo). Já no primeiro mês foi possível pagar a parcela do empréstimo com o dinheiro da própria franquia, sem precisar recorrer ao salário dos sócios.

O destino empurrou os franqueados para o crescimento. Três meses depois, Robison e Ricardo perderam o emprego, e resolveram abrir uma loja física (até então o esquema era o de venda porta a porta).

Dois anos depois, a empresa já fatura entre R$ 80 e R$ 120 mil por mês. Os R$ 30 mil (dívida de Robison de uma empresa antiga, que tinha falido) foram pagos, e ele está quitando uma casa nova.

Foto: Robison Leandro da Silva e Ricardo dos Passos Zorzetti, donos de uma franquia da Cooper Kap, em Jaraguá do Sul (SC)

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Por quê escolhi ser franqueador: Alex Lin e Rodrigo Balotin, da Bubble Mix Tea

Alex Lin: bebida da infância virou o chá da moda e uma oportunidade de negócio 

Alex Lin é filho de um taiwanês, e chegou a morar em um condomínio só com imigrantes e descendentes, em Foz do Iguaçu. Cresceu tomando uma bebida dos antigos, que numa tradição grosseira do chinês seria o “chá com leite e bolinhas”. Foi quando ele descobriu que o tal chá tinha virado moda internacional, sob a alcunha de “bubble tea”.

Casou de seu amigo Rodrigo Balotin voltar da China na mesma época, e os dois ficaram obcecados em trazer o conceito do chá de bolhas para o Brasil. Quando chegaram no Taiwan, para uma imersão no tema, os fornecedores ficaram loucos. “O que a gente precisa fazer para vocês levarem o bubble tea pro Brasil?!”.

Era quase uma súplica. Fazia tempo que eles tentavam entrar no maior mercado da América Latina, mas seus parceiros esbarravam na burocracia das leis brasileiras para o setor de alimentação.

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Era uma ideia totalmente nova. Bastante arriscada. E foi justamente isso que os motivou a seguir em frente.

Desde o começo, o negócio foi formatado para ser uma rede de franquias. Quando a primeira loja própria abriu, em Foz, o Bubble Mix Tea já tinha um plano de negócios completo para ganhar escala franqueando. Além de Alex e Rodrigo, um terceiro sócio, Rogério Teixeira, entrou na jogada.

Hoje a rede conta com cinco lojas, no Paraná, e mais três em negociação (uma delas em Balneário Camboriú, em Santa Catarina). Para o próximo ano, a meta é expandir para Santa Catarina, Rio de Janeiro e Sâo Paulo.