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Pela primeira vez em mais de 20 anos, o número de franqueadoras caiu. Ao todo, 34 redes pararam de operar nesse modelo | Henry Milleo/Gazeta
Pela primeira vez em mais de 20 anos, o número de franqueadoras caiu. Ao todo, 34 redes pararam de operar nesse modelo| Foto: Henry Milleo/Gazeta

Aderir a modelos de franquia é uma opção recorrente entre empresários que querem expandir sua marca e aumentar a renda, mas em 2017, essa medida deverá ser tomada com mais cautela e planejamento. A orientação dos especialistas tem como base o balanço divulgado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), que mostra que em 2016 o número de franquias teve uma queda de 1,1%. Ao todo, 34 redes pararam de operar nesse modelo.

Essa movimentação acontece pela primeira vez em mais de 20 anos. A previsão para 2017 é que mais marcas abandonem esse formato. Nessa diminuição do número de franquias, algumas delas fecharam seus pontos e abandonaram o modelo, outras ainda funcionam nesse sistema, mas não com o mesmo nome. É o caso das redes que foram incorporadas, se fundiram com empresas maiores. Há também aquelas que não conseguiram se manter no cenário de crise e fecharam as portas.

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A maior parte dos fechamentos corresponde a empresas que encontraram dificuldade no sistema de franquias. Para Claudia Bittencourt, sócia-fundadora do Grupo Bittencourt (consultoria especializada em franquias), o erro dessas redes está na falta de estratégia. “Elas não fizeram um bom planejamento para avaliar os impactos que o franchising traria para o negócio”. Para ela, itens essenciais na estruturação da rede, como suporte aos franqueados, produção e abastecimento, foram mal planejados e levaram algumas marcas a deixar o franchising.

Outra dificuldade das empresas que saíram do modelo é apontada por Claudio Tieghi, diretor de Inteligência e Mercado da ABF. Para ele, o erro pode estar na seleção de franqueadores sem perfil para o negócio e na falta de resultado para essas pessoas que vão trabalhar com as novas unidades. “O empreendedor tem que organizar o negócio para trazer resultado aos franqueados. Duas coisas são essenciais: planejamento e seleção bem feitos. É um modelo de negócio ganha-ganha. Se apresentar um erro, compromete o resultado”, analisa.

Maturidade

Para os especialistas, a queda no número de franquias tem um aspecto positivo. Eles justificam que as redes que permaneceram nesse sistema estão bem estruturadas e tendem a continuar crescendo. “A tendência é que que as marcas já existentes cresçam em número de franquias. Isso contribui para fortalecer o setor. O mercado está mais exigente, então o empreendedor que escolher o modelo de franquia deve planejar, desenvolver estudos de mercado, escolher sua estratégia. O sistema não permite mais franquear por impulso”, considera Tieghi.

A recomendação é de que o planejamento seja feito a longo prazo e considerando um cenário adverso. Na ABF, a previsão do aumento no número de redes de franquias em 2017 é nula. Bittencourt acredita que outras empresas ainda vão reavaliar seu canal de expansão. “Algumas ainda querem muito mais se capitalizar do que estruturar um sistema sério e se sustentar nele. O correto procurar as franquias para ocupar mercado”, explica.

Balanço

Tieghi lembra que o franchising ganhou muita força no final da década de 80, durante a hiperinflação. Para ele, a situação pode se repetir. “Essa época foi muito exigente e fez com que o mercado se preparasse e se reorganizasse para colher bons frutos nas próximas décadas. É o que a gente tem como grande expectativa”.

Na prévia do balanço de 2016 feito pela ABF, o faturamento do modelo de franquias foi de R$150,7 bilhões. Em 2017, a instituição espera que esse índice tenha um aumento de 7 a 9%. O número de redes franqueadoras diminui de 3.073 em 2015 para 3.039 em 2016. E apesar de não haver expectativas sobre o crescimento desse número, espera-se que a quantidade de unidades aumente 4 a 5%.

Bom desempenho é resultado do cuidado com franqueadores e clientes

Para as redes que tiveram sucesso no franchising, foi essencial montar uma boa estrutura para cuidar dos franqueadores e clientes sem deixar a produção cair em qualidade e quantidade. Para a sócia do Grupo Bittencourt, especializado em franquias, Claudia Bittencourt, essas empresas encontraram parceiros desenvolvidos para fazer o negócio funcionar. Além disso, conseguiram organizar estrutura da empresa para a expansão, como aumento de demanda e melhoria nas operações de logística. “Elas têm pessoas capacitadas para cuidar da rede, processos bem definidos, rede de fornecedores com condições de abastecer a produção, programas de treinamento para qualificar o franqueado”, conta.

A consultora afirma que também é preciso fazer um trabalho preventivo, como consultoria, para evitar erros maiores que levem ao total prejuízo. Segundo Bittencourt, o trabalho no modelo de franquia exige um mais do franqueado, que deve ter atenção a empresa, ao franqueado e ao cliente. “É importante ter foco nas pessoas, ajudar o franqueado a ter um bom produto em suas lojas. Tem que investir em tecnologia para alinhar as unidades, apresentar os dados com tempo de cada parceiro se precaver sobre o que está por vir”.

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