Pelo quarto mês consecutivo, o mercado formal de trabalho voltou a registrar, em julho, um saldo negativo — ou seja, diferença entre admissões e demissões. A informação foi antecipada ao Globo pelo ministro do Trabalho, Manoel Dias. No mês anterior, foram eliminados 111 mil postos, o pior resultado para o período da série do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Para efeito de comparação, em julho de 2014, houve uma geração líquida de 11.796 empregos. Os números de julho deste ano serão divulgados amanhã.
“O Caged de julho será negativo”, afirmou o ministro, acrescentando que subsetores da indústria ligados ao ramo automotivo apresentaram saldo negativo, mas inferior ao registrado em junho.
De acordo com os dados do Caged, esses subsetores (metalurgia, mecânica, materiais elétricos, de transporte e borracha, couro e fumo) fecharam no mês passado 35.373 vagas. No primeiro semestre do ano, o saldo negativo já atingiu 109.126.
Desemprego fica em 7,5% em julho, pior resultado desde 2009
Em 12 meses, renda do trabalhador recuou 2,4%, segundo o IBGE
Leia a matéria completaDias defendeu a iniciativa dos bancos públicos de socorrer o setor automotivo, com linhas de crédito mais favoráveis. Segundo ele, a maior preocupação do governo neste momento é preservar os empregos.
“Nessa fase de adequação da economia, temos que preservar ao máximo o número de empregos”, disse o ministro, citando o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que prevê redução de jornada e corte de salários, com contrapartida da União.
Em junho, a indústria de transformação foi o setor que mais demitiu, com saldo negativo de 64.228 postos. Entre janeiro e junho, as demissões no setor superaram as contratações em 162.387. Mas, no período, os desligamentos foram maiores no comércio, que fechou 181.849 vagas. Na construção civil, foram eliminados no período 134.490 postos de trabalho.
Preservação do emprego
As linhas especiais que os bancos federais destinarão ao setor automotivo usarão recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que já prevê em suas resoluções cláusulas prevendo a manutenção do emprego. No entanto, os representantes no Conselho Deliberativo do FAT admitem que não há como fiscalizar se as empresas tomadoras dos empréstimos, de fato, não estão demitindo.
Neste ano, o FAT liberou R$ 3,560 bilhões em recursos novos para os bancos públicos (chamados depósitos especiais). Desse total, foi aplicado R$ 1,815 bilhão (50,9%) até 30 de junho, segundo boletim financeiro do Fundo. O saldo das carteiras atingiu R$ 15,774 bilhões no BNDES; R$ 4.164 bilhões no Banco do Brasil e R$ 1,494 bilhão, na Caixa Econômica Federal.
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