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Veja o desempenho do setor industrial, segundo a pesquisa mensal do IBGE |
Veja o desempenho do setor industrial, segundo a pesquisa mensal do IBGE| Foto:

Novo índice mostra apreensão

São Paulo - O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou um novo indicador de divulgação mensal que medirá o humor do setor industrial brasileiro em relação às questões econômicas e também perspectivas sobre avanços sociais. O primeiro índice, apurado em janeiro, foi de 6,78 numa escala de 200 pontos, que vai de -100 a +100. O número mostra que as 115 entidades representantes de 80,2% do PIB do país (excluídos o setor financeiro e a economia informal) revelam-se apreensivas em relação ao atual ambiente econômico. "Nesse primeiro indicador, o que se observa é que há uma incerteza sobre as perspectivas da economia.

O conjunto da indústria aguarda para observar o que poderá ocorrer", disse Márcio Pochmann, presidente do Ipea.

Folhapress

A retração na produção industrial no fim de 2008 foi acompanhada pelo encolhimento no nível de emprego no setor. Em dezembro, houve uma queda de 3,08% no número de pessoas trabalhando na industria paranaense, na comparação com o mesmo mês de 2007. No Brasil, a retração foi de 1,1% no mesmo período. O número negativo coloca fim a uma sequência de 29 meses de crescimento do índice. Além disso, a pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou a maior diminuição mensal da série iniciada em 2001, uma queda de 1,8% de novembro para dezembro.

O efeito da crise sobre o emprego industrial começou a aparecer entre setembro e outubro, mas se intensificou em dezembro. Para especialistas, isso mostra que desde o início parte das empresas não encarou o esfriamento do mercado como passageiro. "Em um cenário de muita incerteza, como foi entre outubro e dezembro, muitas empresas preferiram cortar vagas por não enxergar uma possibilidade de recuperação no curto prazo", diz o economista Carlos Magno Bittencourt, professor da PUC-PR.

Reversão

A partir de setembro houve uma grande reversão no mercado de trabalho. O emprego industrial vinha crescendo a uma taxa de 2% ao mês e entrou em território negativo em outubro. O setor de veículos brasileiro, por exemplo, chegou na metade de 2008 com um número de trabalhadores 8% maior do que no mesmo período de 2007, alta que se reduziu a 1% em dezembro. Processo parecido ocorreu nas indústrias de máquinas, equipamentos elétricos e produtos químicos.

No Paraná, as indústrias que registraram as maiores quedas em dezembro, na comparação com o mesmo mês de 2007, foram as de madeira (retração de 21%), vestuário (-20%) – áreas que mesmo antes da crise estavam em queda – e produtos químicos (-19%), que foi bastante afetada pela desvalorização cambial que encareceu a importação de fertilizantes. A pesquisa do IBGE também aponta uma inversão de tendência nas indústrias de veículos, metalurgia e máquinas e equipamentos. As três operavam com índices de emprego mais altos até setembro e passaram a reduzir os quadros a partir de outubro.

O economista Cid Cordeiro, do Dieese, lembra que, segundo o Ministério do Trabalho, o estado perdeu 30 mil vagas na indústria nos dois últimos meses do ano. "Até setembro, o número de vagas abertas pela indústria crescia a uma taxa anualizada de 7%. Em dezembro, esse dado caiu para 3,8%", diz. "O ciclo de transmissão da crise financeira para a economia real foi muito curto e amplo."

A velocidade nos cortes não surpreendeu o economista Gilmar Mendes Lourenço, coordenador do curso de economia da FAE Centro Universitário. "O primeiro trimestre é geralmente mais fraco do que o fim de ano e as empresas se prepararam para um período mais longo de produção menor."

Para Lourenço, os cortes na indústria devem continuar, principalmente nas fábricas de bens duráveis, como veículos, e bens de capital, como máquinas e equipamentos, que ainda tentam segurar a mão-de-obra, apesar das vendas menores. Carlos Magno Bittencourt, da PUC-PR faz análise parecida. Segundo ele, mesmo que haja uma pequena recuperação neste começo de ano, não haverá contratações.

Cordeiro, do Dieese, avalia que há a possibilidade de estabilização do mercado de trabalho. "Os cortes do fim de ano anteciparam um cenário muito ruim. Assim, a geração de emprego terá um desempenho baixo, mas sem a repetição do que se viu em dezembro."

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