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O emprego na construção civil também desacelerou no Paraná: entre janeiro e maio, saldo de vagas caiu 10% em relação ao mesmo período do ano anterior | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
O emprego na construção civil também desacelerou no Paraná: entre janeiro e maio, saldo de vagas caiu 10% em relação ao mesmo período do ano anterior| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Setor atingiu teto, afirma especialista

Na visão do especialista José Pereira, da Nova Secu­­ritizadora, o setor da construção já atingiu um teto e, agora, a tendência é de um crescimento moderado. O total de financiamento com recursos da poupança, destacou, saiu de R$ 3 bilhões em 2004 para R$ 82,7 bilhões no ano passado e o número de unidades subiu de 53.826 para 453.571 no período. Não há espaço para que o setor repita o desempenho nos próximos anos, porque a base de comparação é alta, destacou.

Dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imo­­biliário e Poupança (Abecip) mostram que os financiamentos com recursos da caderneta foram recorde em maio, com R$ 9,75 bilhões, alta de 54,8% sobre o mesmo período do ano passado. No intervalo, foram financiadas 47,6 mil unidades, crescimento de 37% sobre maio de 2012. Mas, para o economista Celso Pretucci, do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi), o desempenho não deve se repetir nos próximos meses. A projeção é que o setor feche o ano com alta entre 5% e 10%.

Perdas na Bolsa

Os especialistas lembram que esse boom levou as incorporadoras a um crescimento desordenado e o resultado disso ainda persiste, com muitas empresas em processo de reestruturação e revisão de estratégias diante dos prejuízos registrados. A recente instabilidade na Bolsa agrava o quadro. Das 20 empresas do setor com ações em Bolsa, 15 perderam valor de mercado nos últimos seis meses (até 4 de julho). Em dezembro, elas valiam R$ 41,6 bilhões no conjunto, valor que caiu para R$ 30,9 bilhões, uma perda de R$ 10,7 bilhões.

Para o analista do BB Inves­­timentos Wesley Pereira, outro fato de pressão é o Ín­­dice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC), que nos 12 meses fechados em junho atingiu 7,98%; acima do IPCA que fechou em 6,7% no período. O INCC é composto por insumos (materiais) e mão de obra (51%). Segundo ele, diante do quadro, as empresas terão que se tornar mais eficientes.

Para o economista da Câ­­­ma­­­ra Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Luis Fernando Mendes, o setor tem uma dependência muito grande da conjuntura econômica "As decisões de investir e de construir são tomadas a curto prazo. A percepção de que a inflação vai subir e a incerteza do trabalhador em conseguir reposição salarial pode fazer com que ele adie o risco de assumir um financiamento de 30 anos", disse Mendes.

Agência O Globo

15 das 20 empresas de construção civil listadas na Bovespa perderam valor de mercado nos últimos seis meses. Em dezembro, elas valiam R$ 41,6 bilhões no conjunto, valor que caiu para R$ 30,9 bilhões, uma perda de R$ 10,7 bilhões.

Depois do boom de contratações nos últimos anos, o emprego no setor de construção civil começa a dar os primeiros sinais de desaceleração. Com o alto volume de entregas de imóveis e ritmo menor de lançamentos do mercado imobiliário e as obras de infraestrutura andando devagar, o setor vem perdendo fôlego na geração de novas vagas.

INFOGRÁFICO: Confira a evolução do saldo entre admissões e demissões

O sinal amarelo veio em maio, quando a construção registrou um saldo negativo de admissões e demissões de 1.877 vagas no país – o pior resultado desde 2004, segundo o Cadastro Geral de Empregados e De­­sem­­pregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

No Paraná, o saldo no período de janeiro a maio teve queda de 10% na comparação com o mesmo período do ano passado, para 23,2 mil vagas. Mas ainda assim é o segundo maior volume da série histórica iniciada em 2004.

Para o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná, Armando Bosco Martins Ribeiro, o setor vive um período de recorde de entregas e, com o fim das obras, muitos empregados têm sido dispensados. Dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) no Para­­ná, serão 14,6 mil imóveis entregues em 2013, contra 11 mil no ano passado.

"Por outro lado, não vamos registrar um volume de lançamentos como vimos em 2010 e 2011, o que significa que o saldo de emprego pode fechar negativo em 2013", diz. De acordo com ele, a previsão do Sinduscon de gerar 26 mil vagas em 2013 no estado será revista para baixo. A expectativa de aumento estava baseada na previsão que os investimentos em infraestrutura deslanchassem, mas isso não vem ocorrendo. Em maio, o setor de construção empregava 164 mil pessoas no estado, dos quais 54,2 mil em Curitiba.

Pé no freio

A construção civil é considerada um dos termômetros da economia e costuma responder rapidamente tanto no aquecimento quanto na desaceleração da atividade. A atual piora do cenário brasileiro já começa a afetar as decisões de construção, segundo o diretor de crédito imobiliário do HSBC, Antonio Barbosa. O Índice de Confiança da Construção (ICST), da Fundação Getulio mostrou uma queda de 3,6% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.

Na avaliação de Ribeiro, do Sinduscon, apesar do setor não viover mais a explosão de lançamentos dos últimos anos, a tendência é de melhora nos próximos meses. O volume de alvarás liberados para construção novas unidades em Curitiba cresceu 21% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, para 11,9 mil imóveis.

Nos últimos anos, a construção civil ajudou a puxar para cima o emprego. Até um ano atrás, o setor vivia uma escassez de mão de obra, o que foi responsável também por inflar os salários dos profissionais da área. Um mestre de obras qualificado chegou a receber salário equivalente a engenheiro. "A escassez de mão de obra acabou. Hoje a oferta acompanha a demanda", diz Ribeiro.

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