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Não foi dessa vez que o Brasil obteve dos EUA a promessa de reduzir as barreiras à importação de produtos agrícolas brasileiros. A reunião deste sábado (10) entre a representante de Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab, e empresários brasileiros do setor acabou com um pedido dos norte-americanos, mas sem nenhuma promessa.

"O que os americanos querem foi dito claramente. Sobre o que nós queremos, não houve clareza", disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. "Não daremos nada se não houve em troca algo de interesse do nosso país. Não podemos avançar ser que haja um avanço por parte deles."

A Fiesp foi o palco de dois dias de discussões entre empresários brasileiros e a representante dos EUA. Foram mais de três horas de conversa, envolvendo o setor industrial e agrícola.

Para a indústria, os EUA pediram uma redução da tarifa máxima de importação brasileira dos atuais 35% para 10,5%. Skaf disse que essa proposta não pode ser aceita "em hipótese nenhuma", mas que os brasileiros mantém a oferta de redução para 16,5%.

Sobre a questão agrícola, esperava-se uma sinalização sobre uma possível redução dos subsídios dados aos agricultores norte-americanos, hoje em US$ 20 bilhões, e das taxas para as importações brasileiras, mas não houve nenhum número ou promessa concreta.

"Eles não mostraram avanço concreto em relação à questão agrícola", disse o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, presidente do Conselho Superior do Agronegócio. Ele destacou as tarifas impostas ao álcool, suco de laranja e açúcar, além das restrições sanitárias à carne bovina brasileira, com os principais problemas para os produtores brasileiros.

O presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais, Marcos Jank, que também participou do encontro, destacou um ponto de acordo nas conversas de hoje.

Brasil e EUA teriam concordado em pressionar outros países para que haja a abertura de novos mercados para exportações agrícolas, entre eles, a Índia. "Foi um ponto de convergência", afirmou.

Etanol

O ex-ministro da Agricultura viu como positivo o acordo sobre o álcool fechado pelos dois governos no encontro desta sexta entre autoridades dos Estados Unidos e do Brasil.

O presidente dos EUA, George W. Bush, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciaram um acordo estratégico para o desenvolvimento de um mercado mundial de etanol.

Juntos, Brasil e EUA irão disseminar a tecnologia do combustível para países pobres, como os da América Central, e também definir regras claras para a comercialização e a qualidade do álcool no mercado internacional.

Os EUA produzem cerca de 20 bilhões de litros de etanol por ano. O Brasil, principal exportador mundial e segundo maior produtor, produz 17,5 milhões de litros/ano.

"Os dois países deram um sinal ao mundo de que consideram o etanol uma alternativa viável [ao petróleo]", disse o ex-ministro. "Isso vai criar um mercado mundial para o etanol."

Sobre a questão tarifária, que o Brasil queria ver resolvida, mas não houve sucesso, ele disse que é um problema político. O Brasil paga hoje R$ 0,30 por litro de álcool que entra no mercado norte-americano.

"Do ponto de vista comercial, não acho relevante nesse momento que a tarifa [sobre o etanoo] desapareça, pois o objetivo é atender o mercado interno nos próximos dois anos. Mas do ponto de vista político isso é complicado", afirmou.

A expectativa do governo brasileiro é que a tarifa não seja renovada após o fim do seu prazo de vigência, daqui dois anos, em 2009.

O presidente da Fiesp, no entanto, disse que isso será um entrave para o crescimento desse mercado.

"Não adianta fazer parceria sobre o etanol se não houve acesso ao mercado norte-americano", disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.

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