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O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, em audiência com Dilma Roussef: encontro reservado antes do início oficial do evento | Roberto Stuckert Filho/Fotos Públicas
O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, em audiência com Dilma Roussef: encontro reservado antes do início oficial do evento| Foto: Roberto Stuckert Filho/Fotos Públicas

Avanço

Acordo comercial global pode sair em duas semanas, diz OMC

O diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, comemorou ontem, em Brisbane, a solução que acaba de ser selada entre Estados Unidos e Índia para por fim a meses de bloqueio indiano a um acordo para facilitar o comércio mundial. Azevêdo calcula que a implementação do acordo vai começar dentro de duas semanas, abrindo caminho para a queda de uma série de barreiras ao comércio mundial.

Nos cálculos da Câmara de Comércio Internacional (ICC, na sigla em inglês), o fim destas barreiras vai possibilitar a injeção de US$ 1 trilhão na economia mundial, além de criar 21 milhões de empregos. "O acordo de facilitação de comércio dará um enorme impulso para a economia global e os países em desenvolvimento vão se beneficiar significativamente", disse.

O próximo passo, segundo o diretor-geral da OMC, vai ser convencer todos os países-membros da organização a concordarem com a solução encontrada por EUA e Índia. Azevêdo disse que vai iniciar consultas com todos assim que voltar da reunião de cúpula do G-20 na Austrália. A cúpula acaba no domingo. "São 160 países na OMC. Temos que sentar, ver o texto deste acordo", alertou.

Para ele, com o caminho aberto pelos EUA e Índia, países exportadores agrícolas, como o Brasil, serão os grandes beneficiários. É que produtos agrícolas passam por trâmites bem mais complicados do que outros produtos.

Às vésperas do encontro que reunirá líderes das 20 maiores economias do mundo, o G20, empresários e representantes da sociedade civil listaram uma série de exigências. E alertaram que se não forem adotadas pelos líderes, isso vai selar o fracasso da reunião. Empresários defenderam flexibilização total do mercado de trabalho como condição para gerar mais emprego. Já representantes da sociedade civil foram no caminho oposto, defendendo mais proteção aos trabalhadores e insistindo em medidas que acabem com a crescente desigualdade e privilégios dos ricos.

Tim Costello, representante da sociedade civil reunida no chamado C20, insistiu, por exemplo, na necessidade de líderes do G20 abolirem os paraísos fiscais, que têm sido usados por multinacionais para não pagarem impostos em muitos países, além de atrair dinheiro da corrupção. "Por que paraísos fiscais ainda existem", perguntou.

Paraísos fiscais têm sido tema de várias reuniões de cúpula do G20 e alguns países têm defendido a extinção há anos, mas o tema avança a passos lentos. Costello disse que a sociedade civil não vai mais aceitar esta situação. "A sociedade civil perdeu a paciência. Não vamos aceitar desculpas", avisou.

Já os empresários, reunidos no chamado B20, disseram que entregaram aos governos 20 recomendações. Além da flexibilização dos mercados trabalhista, eles querem também a aplicação de normais globais de combate à corrupção. Se os líderes seguirem a cartilha de sugestões dos empresários, disseram eles, o G20 vai conseguir um crescimento econômico adicional ainda maior dos que os 2% que estão sendo prometidos no encontro de Brisbane.

Ousadia

"Queremos que os líderes sejam ousados. Queremos ver ambiciosos planos de crescimento de cada país", afirmou Richard Goyder, um dos representantes do B20.

Para ele, a melhor forma de governos conquistaram confiança do empresariado é seguir a cartilha deles. Os empresários também estão cobrando o fim das barreiras ao comércio mundial e a retomada das negociações na Organização Mundial de Comércio (OMC) para abertura de mercados. "Comércio não é apenas sobre tarifas", insistiu Andrew Mackenzie, outro representante do empresariado do G20.

Já Steve Sargent defendeu, em nome do grupo, a flexibilização das leis trabalhistas, dizendo que os países que adotaram esquemas trabalhistas para impedir perda de emprego são hoje os que têm maior índice de desemprego. "Países com leis trabalhistas rígidas têm alto desemprego. No mundo de hoje, flexibilidade e capacidade de adaptação vão ser absolutamente essenciais ", afirmou.

Brasil

A presidente Dilma Rousseff desembarcou na Austrália, na noite de quinta-feira, para a cúpula do G20. Ontem, a única atividade oficial foi uma audiência com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu. A Turquia assumirá em Brisbane a presidência de turno do G20 e será, portanto, a anfitriã da próxima cúpula. A primeira participação de Dilma no G20 será hoje no chamado "retiro".

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