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Embora a proposta de desoneração da folha de pagamento tenha sido "enterrada" a pedido das centrais sindicais, a classe empresarial também faz suas ressalvas a respeito do assunto. A ideia de reduzir os encargos trabalhistas é reivindicação antiga do empresariado, mas é vista com maus olhos quando vinculada à manutenção dos empregos.

"Você não pode prometer o que não pode cumprir. O governo pode prometer que vai entregar pedidos para a minha indústria?", questiona o presidente da Federação das Associações Comerciais e Industriais do Paraná (Faciap), Ardisson Akel. "Não sei se o intervencionismo estatal na economia pode ser feito dessa maneira: querer vincular redução de carga tributária à manutenção de empregos."

Benedicto Kubrusly, do Sindicato da Indústria de Peças (Sindipeças-PR), faz avaliação semelhante. "Não aprovamos medidas trabalhistas do tipo ‘eu dou isso e você me dá aquilo’. O emprego só é garantido por atividade econômica. Você não garante emprego por decreto, da mesma forma que não se derruba a lei da oferta e procura por decreto."

Ainda assim, os empresários concordam que a redução no custo trabalhista no país poderia ajudar na manutenção dos postos de trabalho e traria certo alívio às empresas. Ivo Wolff Júnior, diretor administrativo e comercial da Perfimec, fabricante de dobras e perfis da aço, avalia que tais medidas poderiam levar em consideração a perda da receita das empresas em tempos de crise. "Melhorar o patamar salarial é uma atitude bem vista pelas organizações. A dificuldade maior vem depois. Eu melhoro a média salarial da empresa mas eu tenho um ônus a ser assumido."

Para Kubrusly, do Sindipeças, o problema maior é o engessamento da legislação trabalhista brasileira, que não permite negociação com o trabalhador em momentos difíceis. "É uma fórmula estúpida. Aqui no Brasil, o que sobra para o empresário no momento de crise? Só a demissão."

Akel, da Faciap, diz que essa falta de flexibilidade – inclusive com a fixação do governo em manter postos de trabalho – pode ter consequências piores do que ajustes pontuais. "O perigo maior é, em vez de não ajustar 10% hoje, eu ter de fechar a fábrica amanhã e perder 100% dos empregos", pondera.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, preferiu não se manifestar sobre a desoneração da folha de pagamento porque disse não conhecer a fundo a proposta que foi discutida ontem.

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