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Elas parecem estar em um canto pouco exposto aos efeitos da crise financeira dos últimos três meses. Até agora, as empresas brasileiras de tecnologia da informação (TI) dizem que pouco sentiram os efeitos da crise em Wall Street. É verdade que elas esperam uma desaceleração na expansão do setor para o ano que vem, mas ainda assim o otimismo persiste: o crescimento esperado é de no mínimo 10% nos segmentos mais "modestos" – um índice razoável em um cenário em que a estimativa de crescimento para a economia brasileira é de 3%.

A estratégia da gigante Totvs, maior empresa de software do país, é colocar o pé no acelerador. A companhia divulga que manterá seus investimentos para 2009, mesmo em face das estimativas da IDC Consultoria, que apontam redução no crescimento das despesas em TI de 13,7% para 7,8% na América Latina. "É que nem Fórmula 1: não adianta ter o melhor carro se ele não acelerar em dia de chuva", sintetiza o presidente da Totvs, Laércio Cosentino. O executivo diz que, até agora, a companhia sentiu "efeitos pontuais" da crise, vindos apenas de clientes mais suscetíveis ao dólar e que diminuíram ou postergaram seus investimentos. A Totvs não revela números, mas Cosentino afirma que a empresa cresceu entre 20% e 25% nos últimos anos – um porcentual que será perseguido, ao que tudo indica, para o ano que vem. "Nós não estamos trabalhando menos. Pelo contrário, estamos trabalhando ainda mais."

Assim como Cosentino, há quem pense que o setor de TI pode ser beneficiado em um momento como esse, já que o investimento em tecnologia ajuda a otimizar custos, prática extremamente importante em uma época de crise. "A gente estava numa fase em que o foco era crescimento, mas não necessariamente isso foi feito com eficiência. Essa baixa é um momento de aumentar a eficiência operacional, de otimizar processos, e a TI pode fazer isso", comenta o diretor de Engenharia e Produtos da DHC Outsourcing, empresa que presta serviços na área de TI, Alexandre Cadaval. Tal como a Totvs, a DHC também não pretende reduzir investimentos para o ano que vem, mesmo que estime que seu crescimento passe de 40% para 30% ao ano em 2009. "Os preços da economia, até o ano passado, estavam em ascensão, e agora estão se reduzindo. Pode ser uma boa oportunidade para conseguir bons negócios", explica Cadaval.

Para Cosentino, da Totvs, mesmo novos clientes, que busquem se tornar mais competitivos, podem surgir com a crise. "O software colabora para que você reduza custos, se relacione melhor com o seu cliente e seja mais competitivo. Num momento de flutuação do dólar, é fundamental ter um controle de custos efetivo. E o software te permite colocar uma lupa em tudo isso."

Os executivos ainda destacam que a tecnologia da informação, hoje, é vital para as companhias, e que os investimentos na área não vão cessar. "É quase que nem ar: não dá para você parar de respirar, como também não dá para se livrar do software. Todas as operações da empresa dependem dele", afirma Cosentino. Para Cadaval, grandes e médias empresas podem optar por terceirizar seus departamentos de TI – o que favorece boa parte das empresas do setor. "Quando terceirizam, grandes companhias podem usar seu capital de investimento para atuar nas áreas-chave, em vez de criar despesas em TI. Em vez de comprar carro, você anda de táxi, e esse é um gasto bem mais flexível para se controlar."

Ainda assim, as expectativas de crescimento para 2009 são bem mais modestas do que a média dos últimos anos, quando o setor de TI cresceu cerca de 20% ao ano – percentual elevadíssimo perto da previsão de 6% que faz a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) para 2009. "A crise vai afetar bastante, sim. Não vai passar de 6%", opina o presidente da instituição, que reúne principalmente distribuidores e revendedores de softwares, José Curcelli. Para ele e para os executivos entrevistados, a situação só se normaliza no segundo semestre de 2009.

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