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Investimento - Indústria quer mais agilidade e revisão das normas

As empresas da Região Sul foram as que mais investiram em proteção ao meio ambiente em 2006, com índice de 82%, acima da média nacional de 79%. Mas, segundo a sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI), isso não impediu que 78% delas tivessem problemas para obter licenças ambientais – a maioria (63%) alegou requisitos exagerados da regulamentação.

Uma das propostas do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, que concorre à reeleição, é exigir do governo mais clareza das normas e mais agilidade e transparência nos processos de licenciamento. "As empresas paranaenses são vanguarda em gestão ambiental", diz Rocha Loures. "Não quer dizer que não tenham problemas, mas é preciso rever a legislação e dotar os órgãos ambientais de capacidade técnica para as análises das licenças", diz.

Vice-presidente da Fiep, Álvaro Scheffer, concorrente de Rocha Loures na eleição, também defende esse tipo de cobrança. E acrescenta que é necessária uma aproximação com os órgãos ambientais, para que a indústria tenha acesso a informações mais detalhadas sobre as exigências da lei. "Também precisamos disseminar as boas práticas, difundindo as melhorias de processos feitas por algumas empresas para as demais. Quando mais difundida, mais barata a tecnologia." (FJ)

Três empresas instaladas no Paraná, do setor de alimentos e bebidas, são destaque nacional em projetos relacionados ao meio ambiente. A Spaipa, fabricante da Coca-Cola, e a cervejeira Ambev têm índices de consumo de água que estão entre os melhores do setor em todo o mundo. A Sadia, com fábrica e granjas no Oeste do estado, desenvolveu um dos maiores projetos de seqüestro de carbono do país.

Nos últimos três anos, o volume médio necessário para a produção de um litro de cerveja na Ambev caiu 20% em relação a 2002, para 3,75 litros, uma referência mundial. Mas nenhuma unidade foi tão bem quanto a de Curitiba, cujo índice é de 3,49 litros. Além disso, a mudança da matriz energética da empresa, que hoje é formada principalmente por biomassa, biogás e gás natural (88% do total), reduziu em quase 40% a emissão de carbono nos últimos cinco anos.

O programa de uso racional da água da Spaipa permitiu uma redução de 168 mil litros no consumo diário, índice que supera o de outras fábricas brasileiras e do exterior da Coca-Cola. Há dez anos, os fabricantes brasileiros da marca consumiam 5,4 litros de água para produzir um litro de refrigerante. O índice atual, de 2,1 litros, é de fazer inveja aos fabricantes estrangeiras da marca, que reduziram seu consumo de 3,4 litros para 2,7 litros no período.

A melhora do índice da Coca-Cola, fruto de uma parceria com o World Wildlife Fund (WWF), foi citada pelo vice-presidente do instituto, Jason Clay, durante a Conferência Internacional 2007 do Instituto Ethos. Mas, segundo ele, há outros impactos à espera de solução: para gerar a energia necessária para produzir um litro de Coca, as turbinas de uma hidrelétrica precisam de 60 litros de água; além disso, outros 300 litros são necessários para produzir o açúcar do refrigerante.

Créditos

A Sadia é uma das poucas grandes empresas brasileiras que já vendeu créditos de carbono: foram 2,75 milhões de toneladas de carbono-equivalente, por cerca de R$ 80 milhões, ao European Carbon Fund (EFC). Com R$ 60,5 milhões financiados pelo BNDES, a empresa instalou, nas granjas de 850 propriedades de suinocultores – a maioria do Paraná e de Santa Catarina –, biodigestores que captam os gases gerados por dejetos suínos.

O projeto deve atingir mil dos 3,5 mil produtores integrados da companhia, e gerar créditos de 410 mil toneladas por ano, equivalentes ao volume que deixa de ser lançado à atmosfera anualmente. Essa economia foi "vendida" para os europeus, que têm metas de redução de emissões para cumprir. "Embora no futuro possamos usar isso para gerar um efeito positivo junto ao consumidor, o objetivo sempre foi muito prático: melhorar a qualidade de vida na propriedade rural, acabar com o grave problema ambiental que são os dejetos da suinocultura e ainda melhorar o retorno econômico do produtor", diz Meire Ferreira, diretora-executiva do Instituto Sadia de Sustentabilidade.

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