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Gerentes estão de olho

A maior parte das cartilhas dos bancos é entregue ao correntista por um gerente, quando este percebe dificuldades na administração das finanças pessoais. Há quatro anos, esses profissionais estão mais qualificados para orientar o cliente.

Em 2003, o Conselho Monetário Nacional passou a exigir testes de aferição do conhecimento para gerente e uma versão avançada para aqueles que vendem opções de investimento. A primeira modalidade, que custa R$ 145, já foi realizada por 65 mil pessoas. A prova envolve conceitos básicos de economia e finanças pessoais. A versão "top" custa R$ 300 e foi cumprida por 76 mil profissionais. "Antes disso, o cliente podia saber mais que seu gerente. Se isso acontece hoje não é por falta de treinamento, mas porque o cliente se especializou", diz o responsável pela certificação da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Luiz Calado.

A preocupação com o orçamento das famílias chega aos empregadores. Não é raro encontrar programas de educação financeira dentro de empresas. É o caso da montadora sueca Volvo, que tem fábrica na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). No período de quatro anos, a organização concedeu treinamento gratuito para 500 funcionários, sempre no horário do expediente.

O resultado foi que os freqüentes pedidos de socorro financeiro ao departamento de recursos humanos da empresa caíram em 60%, e agora são raros os casos extremos – quando a empresa recomenda ao funcionário um coaching pessoal para lidar com as finanças (também pago pela empresa). "A cultura brasileira leva ao endividamento. Iniciamos o programa quando percebemos que apenas ajuda pontual não resolve. É preciso agir preventivamente", diz o analista de recursos humanos da empresa, Rubens Cieslak.

A coordenadora de viagens da empresa, Regina Borsari, fez o curso e detectou falhas em seu comportamento financeiro: sentia-se culpada por não comprar bens para os filhos. Começou a aplicar dinheiro e agora sonha com uma previdência privada. "Só controlar os gastos é muito pouco", diz.

Confisco

O gerente de transporte da Itaipu Binacional, Ivo Antônio dos Santos, é o responsável pelo programa de orçamento doméstico da empresa. Ele dá palestras sobre planejamento financeiro dentro e fora da corporação.

"O mais importante é a pessoa que está em treinamento ter o apoio da família, porque nos casos mais graves colocamos todos na ‘UTI’. Desviamos o ganho mensal da pessoa para uma conta administrada pela Itaipu e vamos ensinando aos poucos como fazer", conta. "É como tratar de um drogado." Cerca de 60 famílias já passaram pelo "internamento".

Santos tornou-se especialista no assunto depois de penar na vida pessoal. "Eu gastava antes de chegar o salário, tinha ansiedade de ter coisas e nenhuma paciência de esperar o momento certo ou fazer poupança. Precisava de uma bicicleta e comprava um carro."

Nos últimos cinco anos, o Serviço Central de Proteção ao Crédito da Associação Comercial do Paraná (ACP) registrou 3 milhões de casos de dívidas no comércio na região de Curitiba. "Creio que nem 10% das pessoas guarda dinheiro", estima a psicanalista Vera Rita de Mello Ferreira. Quando pergunta a seus pacientes o quanto ganham, em geral eles não sabem o valor exato ou se é o valor bruto ou líquido. Ela acredita, no entanto, que ninguém tem desculpa para não controlar as finanças depois do Plano Real e da estabilidade que ele trouxe.

Para Vera Rita, outro aspecto da imaturidade financeira é a confiança excessiva: a pessoa compra um ativo que não dá o retorno mas não desiste dele para não dar o braço a torcer. Já outros têm falta de paciência e vendem ações em baixa.

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