Falta de incentivo e violência são entraves
A falta de incentivos fiscais, o aumento do custo da mão de obra e a violência urbana são, na opinião dos empresários do Sul do país, os principais entraves ao desenvolvimento da região, aponta pesquisa da consultoria Deloitte.
Empresariado promete aumentar aquisições
Nesses novos tempos de negócios, as fusões e aquisições também ganharam espaço. A partir de 2010, 16% das empresas darão prioridade à participação em fusões e aquisições, e, entre os projetos de investimentos, 31% dos respondentes pretendem fazer aquisição de empresas. Entre as que pretendem ampliar suas operações, 24% manifestaram interesse na diversificação, atuando também em outras áreas.
A expectativa da retomada do crescimento da economia fez disparar os investimentos e as projeções de aumento de faturamento entre as empresas da Região Sul.Pesquisa Panorama Empresarial da consultoria Deloitte mostra que 94% acreditam que vão aumentar suas receitas em 2010. O levantamento que ouviu 115 das maiores empresas da região, que juntas faturam R$ 35 bilhões por ano revela que a previsão é de um avanço de faturamento de cerca de 12% bem acima da variação esperada do Produto Interno Bruto (PIB), entre 5% e 5,5%.
A melhora do cenário animou os empresários a tirar da gaveta os investimentos que foram adiados durante a crise. No ano passado, 70% das empresas disseram que ampliaram investimentos. Nesse ano, a média supera esse indicador. Entre as empresas ouvidas, 96% dizem que vão elevar investimentos em modernização e 77% em ampliação de negócios e ou plantas industriais.
A retomada começou a ser notada já no fim do ano passado, provocando uma alta no consumo aparente (vendas internas mais importações) de máquinas e equipamentos.
Para esse ano é esperado um crescimento de 22% a 30% na compra de bens de capital no país, contra uma queda de 11,5% em relação a 2008. "Há, de maneira generalizada, um otimismo muito grande por parte das empresas e a pesquisa indica que elas estão se preparando para esse novo momento", diz Lucia Casasanta, sócia da Deloitte na área de gestão de riscos. Segundo ela, o que chama a atenção nessa edição é que há uma maior preocupação com questões como sustentabilidade, governança e a necessidade de captar, treinar e manter a mão de obra nas empresas. Embora a crise não tenha sido tão grave aqui como em outras partes do mundo, a turbulência parece ter despertado um senso de concorrência maior.
Em 2009, 44% apontavam como principal desafio a administração da concorrência contra competidores locais, enquanto 23% pensavam o mesmo dos globais. Em 2010, 50% passaram a se preocupar com competidores brasileiros e 40% com os estrangeiros.
De acordo com a Deloitte, em 2009 o faturamento das empresas do Sul cresceu 5%, abaixo dos 8% projetados pela maioria das empresas em âmbito nacional.
"No ano passado o vento estava soprando contra. Agora está soprando a favor e vamos aproveitar", resume Mauro Carvalho de Oliveira, diretor comercial da Realgems Hotelaria, fabricante de sabonetes, xampus, condicionadores e kits de higiene para hotéis. A empresa, que tem fábrica em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, espera crescer 12% em 2010, o dobro do ano passado. "A demanda nesse início de ano está bastante aquecida", afirma. Com uma carteira de clientes de 3,5 mil hotéis no país, a Realgems está investindo R$ 1,8 milhão na compra de equipamentos novos e em instalações para reduzir custos e melhorar as condições de logística de distribuição.
A Spaipa, franqueada da Coca-Cola para o Paraná e interior de São Paulo, com sede em Curitiba, vai investir R$ 160 milhões nesse ano, 11% a mais do que foi aplicado no ano passado. Os recursos serão usados em marketing, na logística de distribuição e nos pontos de venda para reforçar a presença principalmente durante a Copa do Mundo, patrocinada pela Coca-Cola. O projeto deve envolver a contratação de 600 pessoas, segundo Neuri Frigotto Pereira, superintendente de vendas e marketing.
A empresa também se prepara para iniciar a distribuição dos produtos da marca Matte Leão, fabricados pela Leão, cuja aquisição pela Coca-Cola foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade). "O setor de bens de consumo deve se beneficiar do aumento do emprego e da renda previstos para esse ano", diz Neuri. O faturamento bruto deve ser 13% maior em relação ao apurado em 2009, de R$ 1,8 bilhão.
"Será um ano bom, com mercado aquecido", prevê o presidente da Brose do Brasil, José Bosco Silveira Júnior. A multinacional alemã, fabricante de sistemas de porta, de acionamento de vidros, motores elétricos e sistemas de refrigeração para o setor automotivo, fechou o ano passado com crescimento de 20% e para esse ano prevê avanço de 5,5% a 6,5%, para R$ 380 milhões. A empresa que tem fábricas em São José dos Pinhais, na região de Curitiba, e Salto (SP) projeta contratar 450 pessoas em 2010. Hoje o quadro é de 950 empregados. Para o executivo, a combinação de crédito e crescimento econômico mesmo com o fim da redução do IPI deve garantir um desempenho favorável para o setor automotivo nesse ano. O Brasil, depois da China, é o grande foco das empresas do setor, que, passada a crise, se prepara para acelerar lançamentos para atender a demanda. Para os próximos dois anos, a Volvo do Brasil anunciou recentemente que pretende investir US$ 220 milhões (R$ 396 milhões) no desenvolvimento de novos produtos e na ampliação da rede de concessionárias. O presidente da empresa, Tommy Svensson, acredita que será possível voltar aos patamares de vendas de antes da crise, algo próximo de 10,5 mil caminhões no mercado interno.
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