As empresas de internet no Brasil estão em rota de crescimento. No caminho para transformar o alto faturamento em lucro, as pontocom procuram engordar o caixa não só via fundos de private equity, mas também de olho no mercado de capitais.

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Um gestor estrangeiro nota que há investidores interessados em ativos de internet que atuem em mercados especializados. O comércio eletrônico é um negócio de alta necessidade de investimento em logística e tecnologia da informação e de grande consumo de caixa. Empresas de nicho, disse essa fonte, têm o benefício de competirem menos intensamente por preço com gigantes globais de varejo eletrônico, como a Amazon.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, as vendas das empresas de e-commerce possuem forte correlação com os investimentos em marketing e por isso, o alto faturamento acaba não se revertendo em lucro. "O faturamento alto de algumas empresas se sustenta por um investimento muito forte em marketing", disse.

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O caminho, destaca o especialista, é a empresa conseguir estabelecer uma base sólida de clientes fidelizados, o que permite que o fluxo da loja venha mais naturalmente, diminuindo, assim, o esforço para a realização da venda.

Analistas identificam particularidades no mercado brasileiro, que se transformam numa pressão adicional para as empresas de comércio eletrônico. Durante o 17º Fórum de Varejo da América Latina, o analista Lucas Stella, do Santander Asset Management, considerou que o hábito de parcelamento de compras sem juros afeta o capital de giro dessas empresas e dificulta a avaliação dos negócios por parte de potenciais investidores de ações.

"Vemos muito mais aportes nessas companhias por parte de investidores que tomam mais risco, como venture capital e fundos de private equity", disse, lembrando que hoje há apenas uma companhia do segmento com capital aberto na Bolsa, a B2W. Terra, da SBVC, destaca ainda o "frete grátis", que também acaba criando um peso extra às finanças dessas companhias.

Uma característica das empresas de comércio eletrônico é contar com o aporte de fundos como os de private equity globais. As grandes do e-commerce brasileiro fizeram movimentos recentes nesse sentido. A B2W realizou um aumento de capital com aportes de sua controladora, a Lojas Americanas, e do fundo Tiger Global. Já o Grupo Pão de Açúcar e o Casino estão unindo suas operações de comércio eletrônico para listar a nova empresa, batizada de Cnova, nos Estados Unidos.

O Tiger Global investe também na Netshoes, ao lado de Temasek, IconikCapital, KaszekVentures e o GIC, fundo soberano de Cingapura, que compõem o capital da varejista brasileira de artigos esportivos, tida como provável IPO pelo mercado.

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Outra empresa de internet que, segundo fontes, possui grandes chances de abrir capital é a Bebê Store, que já recebeu aportes no ano passado dos fundos de investimento W7 Venture Capital e Atômico. A Wine.com.br, de vinhos, também seria candidata, e já recebeu aportes do e.bricks.

No caso da Dafiti, o Rocket Internet, espécie de financiador de companhias online e de mobilidade em fase pré-operacional, esteve envolvido em sua criação. A Ontário Teachers PensionPlan (OTPP), maior fundo de pensão do Canadá, também ingressou na Dafiti no ano passado. Outro investidor na empresa é o IFC, braço de investimento do Banco Mundial.

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