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Procura-se um tipo de funcionário especial. Ou melhor, disputa-se. Pela lei 8.213 de 1991, empresas com 100 ou mais funcionários devem preencher entre 2% e 5% do quadro com portadores de deficiência. O problema é encontrar um grande número de pessoas com esse perfil e disponíveis para o trabalho.

Na multinacional de alimentos Kraft, a busca começou no ano 2000. Já foram identificadas e integradas 197 pessoas em suas sete fábricas (126 na da Cidade Industrial de Curitiba), mas ainda faltam cerca de 150. "O ritmo de contratações está aumentado porque estamos explorando outras áreas, como administração e vendas", explica o diretor de assuntos corporativos da empresa, Fábio Acervi.

O gerente de diversidade do grupo HSBC, Mauro Raphael, diz que o projeto de inclusão do banco está a "pleno vapor" , com 523 contratados de uma meta de 1.339 pessoas.

Os trabalhadores com deficiência são tratados com crescente profissionalismo. Raphael garante que não existe "coitadismo" e a demissão é uma possibilidade. "Mas posso dizer que o nível de produtividade é bastante bom. Nosso melhor vendedor do ano passado é deficiente visual." Para alcançar esse resultado, o banco investe por ano R$ 1,5 milhão em inclusão.

Tanto a Kraft quanto o HSBC contratam por meio da Universidade Livre para a Eficiência Humana (Unilehu). Quando apresenta um projeto a uma empresa, a gerente Yvy Abbade enfatiza a visão de que a empresa não estará apenas cumprindo a lei, mas também terá ganhos de eficiência. "Quando incluídos no trabalho, os portadores geram motivação entre os colegas pela dedicação que demonstram."

Quem procura uma vaga ou um profissional portador de deficiência tem ainda o apoio da Adaptare Consultoria, que promove palestras de conscientização, adaptação de ambientes e acompanhamento no emprego. Além disso, indica candidatos de seu banco de dados.

A idéia surgiu quando uma das sócias, Mirella Prosdócimo, fez um trabalho de conclusão de curso na universidade sobre inclusão. "Vi que as empresas não sabem onde encontrar e nem onde colocar os deficientes", explica.

Para sua sócia, a terapeuta ocupacional Fernanda Monteiro, a pessoa com deficiência pode ser igualmente produtiva desde que sejam retiradas as limitações de determinadas funções. "Fazemos uma adaptação para uma pessoa que não consegue digitar por causa do braço, por exemplo."

"O problema é que a família ou as próprias pessoas acham que não são capazes de trabalhar. Outro complicador é que elas recebem benefício monetário, e isso atrapalha a decisão pelo trabalho, porque elas têm que escolher entre trocar o certo pelo duvidoso", diz Mirella. De acordo com as consultoras, o serviço é extremamente personalizado. Afinal, "cada caso é um caso".

Quem estiver interessado em procurar emprego por meio da empresa só precisa marcar uma entrevista para ser cadastrado no banco de dados, gratuitamente. A receita da Adptare vem das empresas que contratam por meio dela.

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