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São Paulo – Os últimos dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) dão conta de que existe um telefone móvel em operação para cada dois habitantes no Brasil. A partir disso, pode-se concluir que o mercado de celulares está próximo da saturação, certo? Errado. Pelo menos de acordo com o presidente nacional da operadora Claro, João Cox, ainda há "muito, mas muito espaço" para as empresas do setor crescerem no país. O executivo afirmou ontem que a companhia comandada por ele tem um objetivo claro: ser a líder nacional em número de linhas dentro do menor tempo possível e, o mais importante, baseada num "crescimento orgânico" – ou seja, sem depender muito da migração de clientes das demais operadoras.

Trata-se de uma tarefa hercúlea. Hoje, a Claro é a terceira no ranking, com 23,1% de participação no mercado brasileiro – o que a deixa atrás da Vivo (30,4%) e da TIM (24,9%). Para ampliar sua base sem roubar muitos usuários das rivais, a Claro deverá apostar na conquista das classes C e D – onde ainda há pessoas sem telefone móvel –, além de perseguir integrantes das classes mais ricas que necessitem de um eventual segundo celular (para o trabalho ou para receber dados e e-mails, por exemplo). "Existem vários casos de nações em que a telefonia móvel atinge uma taxa de penetração maior que 100% (onde há mais de um aparelho por habitante)", diz Cox. Verdade. Essa é a realidade, segundo a Anatel, do Distrito Federal e do estado do Rio de Janeiro.

Mas é verdade também que o setor de telefonia móvel brasileira atravessa uma crise astral. Quatro grandes operadoras estão hoje em algum tipo de encruzilhada. A Vivo tenta desesperadamente reverter a queda no seu market share (que há menos de 3 anos superava 45%) – sem mencionar os bilhões que terá de gastar para implementar uma base paralela de tecnologia GSM, como foi anunciado meses atrás. A novata Brasil Telecom deve receber em breve um parecer da Anatel cobrando medidas para resolver sua questão societária. Explica-se: seu controle está nas mãos da Telecom Itália, empresa que também é sócia-majoritária da TIM. Como as duas operam algumas áreas em comum, como no caso do Paraná, acaba acontecendo uma sobreposição de operações – o que não é permitido por lei.

À longa novela da possível – mas improvável no curto prazo – venda da Telemig Celular, juntou-se recentemente a TIM. São cada vez mais fortes os indícios de que a Telecom Itália pode desfazer-se de seu braço brasileiro para tapar buracos financeiros na matriz.

A Claro realmente parece ser a exceção nessas turbulências. Por trás dela está o gigantismo da mexicana América Móvil, que, com seus 108 milhões de clientes espalhados pelo continente americano, pode adotar políticas radicais de subsídos de terminais. "Trata-se de uma estratégia agressiva, que vem dando certo", frisa o diretor de operações comerciais da Claro, Julio Porras. "Somos o maior player na América. É natural que tenhamos maior vantagem competitiva nos preços, pois temos mais poder de barganha com os fornecedores", completa Cox.

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