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Endividamento das famílias é o maior desde 2016. E a situação pode piorar
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O endividamento das famílias brasileiras chegou, em julho, ao nível mais elevado desde abril de 2016. Dados do Banco Central mostram que as dívidas com o sistema financeiro nacional correspondem a 44,3% da renda acumulada em 12 meses.

A tendência é de que os números aumentem ainda mais nos próximos meses. Dois motivos explicam isto, aponta Luís Afonso Lima, gerente de análise de investimentos da Mapfre Investimentos: o bom, segundo ele, é a expansão do crédito imobiliário, e o ruim, é a economia desaquecida, que dificulta avanços no mercado de trabalho.

“Estamos em um bom momento para o setor imobiliário, com estoques menores, vendas em alta e um maior número de lançamentos”, diz. Os dados mais recentes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram, no país, um crescimento de 4,2% nos lançamentos no primeiro trimestre de 2019, comparativamente a igual período do ano anterior. As vendas aumentaram 9,7%.

Por outro lado, a economia desaquecida - o PIB nos 12 meses encerrados em junho cresceu 1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - inibe a reação do emprego com carteira assinada e a melhoria da renda.

Nos seis primeiros meses do ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram criados 374,4 mil postos de trabalho formais no país, 8,8% a mais do que na mesma época de 2018. Mas a taxa de redução teve um pequeno crescimento, passando de 12,4%, em junho de 2018, para 12%, em 2019. E a renda média real teve uma pequena queda de 0,3%.

“Tão cedo esse cenário não vai mudar. O mercado de trabalho é o último segmento da economia a reagir”, aponta Lima.

Juros seguem elevados

Esse cenário coincide com a manutenção dos juros cobrados pelas instituições financeiras em patamares próximos aos de maio do ano passado, quando a taxa Selic - balizadora dos juros - estava em  6,5% ao ano. Atualmente, ela está em 6% e o custo do dinheiro cobrado dos clientes é de 25% ao ano, de acordo com o BC.

Um dos fatores que dificultam a queda no juros é a manutenção em níveis elevados do spread bancário (a diferença entre a taxa cobrada dos clientes e a de captação dos recursos pelas instituições financeiras). Atualmente, ela está em 19,7 pontos percentuais, o maior nível desde março de 2018.

Questões de oferta de crédito podem explicar este fenômeno, já que a inadimplência, um dos principais componentes do spread, está estável em torno de 3% da carteira”, afirma o analista da Mapfre Investimentos. Dados do Banco Central mostram que 72% da carteira de crédito estava nas mãos de cinco instituições financeiras no final do ano passado.

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o juro brasileiro é mais elevado do que nos outros países porque os custos para se emprestar são mais elevados. “Custos como a taxa da inadimplência, a dificuldade judicial de recuperar os empréstimos que não são pagos, os custos operacionais e administrativos e o dos impostos.”

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