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A hidrelétrica Teles Pires, construída na divisa entre Pará e Mato Grosso, continua à espera das linhas de transmissão para entrar em plena operação. Desde janeiro do ano passado, a usina, construída por Neoenergia, Furnas, Eletrosul e Odebrecht, vive o drama de concluir etapas da obra e não poder gerar energia por falta de conexão. O sistema de transmissão, que deveria ter sido concluído em janeiro do ano passado, até hoje não entrou em operação.

O último cronograma era 15 de abril, mas novamente foi descumprido. Luiz Fernando Vianna, presidente da estatal paranaense Copel – uma das sócias da Matrinchã, empresa que constrói a linha de transmissão –, afirma que as obras foram concluídas e aguardam a licença de operação, prevista para 8 de maio. “Se não tiver nenhum entrave, acredito que em 10 de maio possamos iniciar a operação comercial.”

O executivo, que está no comando da Copel desde dezembro de 2014, explica que o projeto sofreu com vários problemas na parte ambiental e também na desapropriação de áreas – o que provocou atraso de 15 meses no cronograma. Por esse motivo, a concessionária Matrinchã entrou com pedido de excludente de responsabilidade na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O sistema é composto por três subestações e 1.007 quilômetros (km) de linhas de transmissão.

Prejuízos

Enquanto isso, a hidrelétrica Teles Pires amarga uma sequência de prejuízos por não poder operar a plena carga. A usina, de 1.802 megawatts (MW), tem cinco turbinas, todas prontas. Por causa da falta de linha, a produção está limitada a uma máquina, de 364 MW. No fim do ano passado, para equacionar o problema, a Aneel autorizou a uma linha provisória para escoar parte da energia da usina. A primeira turbina foi concluída em janeiro e as demais nos meses seguintes.

Apesar da impossibilidade de produzir por causa de problemas alheios à construção da usina, a concessionária que opera Teles Pires terá de arcar com a conta de energia não gerada. A empresa assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Aneel em que se compromete a pagar pela energia não produzida no período por causa da falta de transmissão.

Os valores serão distribuídos ao longo de 20 anos, durante a concessão da usina, que custou R$ 3,6 bilhões.

Crise

Nos últimos anos, problemas como o vivido por Teles Pires se espalharam por todo o país. Alguns parques eólicos construídos no Nordeste ficaram quase dois anos parados por causa do descompasso entre a conclusão dos projetos de geração e transmissão de energia. Naquela época, o prejuízo provocado pelos atrasos nas linhas foi repassado para o consumidor, que pagou sem receber pela eletricidade.

Hoje os empreendimentos de transmissão representam um dos maiores entraves do setor elétrico. Segundo relatório de fiscalização da Aneel, dos 351 projetos em construção no País, 60% estão atrasados. Apenas 6% têm cronograma de obras adiantado e 29% estão em ritmo normal.

Além da dificuldade para tirar as linhas já licitadas do papel, o governo também tem esbarrado na falta de apetite dos empreendedores para leiloar trechos importantes para o escoamento da energia elétrica em todo o sistema interligado nacional. No último leilão, ocorrido no dia 12 de abril, a Aneel conseguiu licitar apenas 58% dos lotes ofertados. O restante não teve interessado.

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