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O CEO da Boeing, Dennis Muilenburg. Revelação sobre sistema de alerta veio logo depois de entrevista dada por ele a investidores e jornalistas na segunda-feira (29). (Foto: John Gress / POOL / AFP)| Foto:

A Boeing sabia meses antes das quedas de aviões 737 Max na Indonesia e na Etiópia que o sistema de alerta do cockpit não estava funcionando da maneira como a companhia prometeu aos seus clientes. A fabricante norte-americana, no entanto, não compartilhou essa informação com companhias aéreas ou com a Federal Aviation Administration (FAA), a Anac dos Estados Unidos, até o acidente da Lion Air, que matou centenas de passageiros na costa da Indonésia, em outubro do ano passado.

A revelação foi feita pela companhia, via comunicado, neste domingo (5), juntamente com detalhes adicionais. O acidente ocorreu depois que leituras inconsistentes de um dos sensores de ângulo de ataque da aeronave ter acionado o software de segurança, que acabou jogando o nariz do avião para baixo antes que os pilotos pudessem fazer qualquer coisa.

Esta última revelação da Boeing levanta novas dúvidas sobre o desenvolvimento e os testes do 737 Max, além de questões sobre a falta de transparência da companhia com seus clientes e o setor. A luz do sistema de alerta deveria piscar quando duas das pás dos sensores de ângulo de ataque enviassem dados conflitantes sobre a relação entre a posição do nariz do avião e a corrente de ar que se aproximava.

Esse alerta de discordância foi planejado para ser um recurso padrão e autônomo nos aviões Max. No entanto, o alerta de discordância não estava operacional em todos os aviões porque o recurso não foi ativado como pretendido, ou seja, não era um recurso padrão, mas opcional das aeronaves.

Além disso, ainda no último dia 30, a Boeing reconheceu que os sensores com defeito levaram um software com função anti perda de sustentação (anti-stalling, no termo em inglês), conhecido pela sigla MCAS (Manofarring Characteristics Augmentation System), a anular qualquer ação dos pilotos.

"A pergunta que tenho é exatamente a mesma que fizemos em Reno: 'Isso é tudo que existe [sobre os problemas no avião]?' Essa é a maior questão ", disse Jon Weaks, chefe da Associação de Pilotos da Southwest Airlines, referindo-se a uma reunião dos líderes sindicais com a Boeing após o acidente da Lion Air. "É obviamente preocupante que aqui esteja outra coisa que a Boeing não passou para nós."

Até sexta-feira (3), as ações da Boeing já tinham caído 11% desde a queda do segundo avião, na Etiópia, em março desde ano – a maior queda no Dow Jones Industrial Average.

A inatividade desse alerta nas aeronaves foi mais tarde considerada uma falha de "baixo risco" pelo Conselho de Revisão de Ação Corretiva da FAA, disse o regulador no domingo (5). "No entanto, a comunicação oportuna ou antecipada da Boeing com os operadores teria ajudado a reduzir ou eliminar possíveis confusões", disse a FAA.

Os engenheiros da Boeing descobriram a discrepância em agosto de 2017, alguns meses depois do início das entregas do Max, em maio de 2017, disse a empresa. Uma revisão feita em novembro do mesmo ano teria demonstrado que a falha não comprometia a segurança da aeronave.

Os dois acidentes mataram 346 pessoas no total. Antes de que os aviões 737 Max que estão parados pelo mundo possam retomar suas funções, a Boeing planeja lançar uma atualização do software que permitirá que o tal alerta funcione como um recurso independente e em todas as aeronaves.

A Boeing tem trabalhado também para terminar uma reformulação do software, conhecido como MCAS, que foi acionado por engano pelas leituras incorretas do sensor. O último grande marco é um voo de certificação da FAA que a empresa espera conduzir em breve.

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