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Modelo 737 MAX-8 da Boeing
Modelo 737 MAX-8 da Boeing esteve envolvido em dois acidentes fatais apenas em cinco meses. | Foto: BEN STANSALL / AFP| Foto:

Reino Unido, Alemanha, França e Irlanda se juntaram a outros países que ordenaram a suspensão de voos da aeronave Boeing 737 MAX-8, após o segundo acidente com o modelo de aeronave, que matou 157 pessoas a bordo de um voo da Ethiopian Airlines neste domingo (10).

A medida, encabeçada pela China, deixa autoridades de aviação americanas, bem como as companhias aéreas dos EUA e a Boeing, cada vez mais isoladas em garantir que a aeronave é segura para voo.

A Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido suspendeu voos no espaço aéreo do país "como uma medida de precaução".

"Como atualmente não temos informações suficientes do gravador de dados de voo, como medida de precaução, emitimos instruções para impedir qualquer voo comercial de passageiros de qualquer operador que esteja chegando, partindo ou sobrevoando o espaço aéreo do Reino Unido", diz um comunicado da Autoridade de Aviação Civil.

A decisão dos países europeus segue a já tomada por outras nações, como China, Malásia, Austrália, Áustria, Indonésia, Omã e Cingapura. No Brasil, a Gol opera 7 unidades do 737 MAX-8 e optou por suspender a operação destas aeronaves. Segundo um levantamento do New York Times, pelo menos 25 companhias aéreas, de várias partes do mundo, pararam de voar com o modelo temporariamente.

A China foi a primeira a adotar este posicionamento. Ela pediu que uma dúzia de empresas que operam em seu país suspendessem os voos de 96 Boeing 737 MAX-8, aproximadamente 25% de todas as aeronaves do modelo que estão em operação no mundo.

Autoridades da Administração Federal de Aviação dos EUA afirmaram que a avião era capaz de operar voos, mas pediram que sejam feitas alterações no projeto até abril. A Boeing comentou posteriormente que deve entregar uma atualização de software para toda a frota "nas próximas semanas", acrescentando que vem desenvolvendo uma versão aprimorada do "software de controle de voo para o 737 Max, projetado para tornar uma aeronave já segura ainda mais segura".

Na manhã desta terça-feira, porém, o presidente dos EUA, Donald Trump, criticou uma "desnecessária" complexidade dos sistemas automáticos das aeronaves mais recentes.

"Os aviões estão se tornando complexos demais para voar. Os pilotos não são mais necessários, mas sim cientistas de computação do MIT. Eu vejo isso o tempo todo em muitos produtos. Sempre buscando dar um passo desnecessário adiante, quando muitas vezes o velho e simples é muito melhor... Tudo isso por um enorme custo, mas muito pouco ganho", tuitou o presidente. Suas declarações devem colocar ainda mais pressão sobre a fabricante de Chicago.

Problemas com o avião

Em um relatório preliminar sobre o acidente com o Boeing 737 MAX-8 na Indonésia, em outubro de 2018, investigadores do Comitê Nacional de Segurança de Trasportes da Indonésia afirmaram que o acidente poderia ter sido causado por uma falha no Boeing MAX 737 e uma confusão na cabine.

A aeronave é a versão mais recente do venerável Boeing 737, um avião que voou pela primeira vez em 1967 e passou por várias modificações antes de emergir como o 737 Max.

Este novo modelo, lançado em 2017, foi equipado com motores mais potentes que são montados mais para frente na asa. Como resultado dessa reconfiguração relativamente menor, um software foi adicionado ao piloto automático do 737 Max para fornecer mais controle.

Leia também: Avião com 157 pessoas a bordo cai na Etiópia, minutos após decolar

Esse software foi identificado no manual da Boeing como o sistema de reforço de características de manobra, ou MCAS na sigla em inglês. No caso do acidente na Indonésia, que matou 189 pessoas, há suspeitas de que os sensores de velocidade estavam transmitindo dados errados para a cabine. Ao ler estes dados, o MCAS teria detectado uma paralisação – ponto em que um avião fica tão na vertical que corre o risco de cair – e tentou corrigir a perda apontando o nariz da aeronave para baixo.

Uma característica dos modelos 737 anteriores permitia aos pilotos reverter manualmente um processo de "corte elétrico" – que é projetado para mover automaticamente o nariz para baixo a fim de evitar uma parada. Mas isso não funciona nos aviões 737 MAX da Boeing.

A perspectiva de que um sistema de piloto automático descontrolado poderia ter contribuído para o acidente já foi objeto de processos envolvendo a Boeing. Entretanto, ainda é cedo para afirmar que o avião da Ethiopian Airlines tenha passado por problemas parecidos neste domingo.

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