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O CEO da Boeing, Dennis Muilenburg. Revelação sobre sistema de alerta veio logo depois de entrevista dada por ele a investidores e jornalistas na segunda-feira (29). (Foto: John Gress / POOL / AFP)| Foto: AFP

A frota de 737 Max da Boeing deveria ter um alerta padrão nas cabines que avisaria os pilotos quando sensores no lado de fora da aeronave estivessem lendo dados incongruentes - um problema que contribuiu com quedas na Indonesia e na Etiópia, que mataram 346 passageiros e tripulações. Mas, na verdade, esse alerta de segurança funciona apenas como um item opcional, revelou na segunda-feira (29) a fabricante a norte-americana.

"A Boeing não desativou o alerta de discordância em seus aviões Max intencionalmente ou de qualquer outra maneira", disse a empresa em um comunicado. "O alerta de discordância foi planejado para ser um recurso padrão e autônomo nos aviões Max. No entanto, o alerta de discordância não estava operacional em todos os aviões porque o recurso não foi ativado como pretendido."

A revelação deve elevar ainda mais o escrutínio regulatório sobre a Boeing enquanto a fabricante tenta consertar o software envolvido nos dois acidentes, ganhar a aprovação necessária da FAA (Federal Aviation Administration), a Anac norte-americana, e acabar com a quarentena global das aeronaves do modelo, que estão estacionadas e proibidas de decolar desde o último acidente.

O sistema de alerta em questão pretende avisar os pilotos se o avião está sendo alimentado com dados defeituosos captador pelos chamados sensores de ângulo de ataque, que medem o nível do nariz do avião. Tanto no acidente da Lion Air na Indonésia em 29 de outubro de 2018, quanto no acidente da Ethiopian Air em 10 de março, a Boeing reconheceu que os sensores com defeito levaram um software com função anti perda de sustentação (anti-stalling, no termo em inglês), conhecido pela sigla MCAS (Manofarring Characteristics Augmentation System), a anular os pilotos.

No domingo (28), o Wall Street Journal e outros veículos revelaram que nem a FAA nem a Southwest Airlines, companhia aérea que é a maior cliente dos 737 Max da Boeing, sabiam que o alerta de segurança estava desativado.

A declaração da Boeing foi feita em resposta a essas reportagens. A fabricante disse que o sistema de alerta de segurança foi não inadvertidamente vinculado a um recurso opcional e que não funcionaria sem ele. " "O alerta de discordância foi vinculado ou ligado ao indicador do ângulo de ataque, que é uma característica opcional do Max. A menos que uma companhia aérea tenha optado pelo indicador do ângulo de ataque, o alerta de discordância não funcionaria", disse a empresa.

A revelação chegou horas depois de o CEO da Boeing, Dennis Muilenburg, enfrentar uma série de perguntas de investidores e repórters em Chicago, ainda na segunda-feira (29). Muilenburg disse que a companhia tem a responsabilidade de aumentar a segurança do 737 Max, mas se recusou a dizer que havia lançado o avião com falha de projeto, relatou Douglas MacMillan, do The Washington Post. Em vez disso, o CEO disse que as quedas recentes resultaram de "uma cadeia de eventos", com o mal funcionamento dos sensores e o software defeituoso da Boeing sendo apenas uma parte desse problema.

"Quando o assunto é segurança, não há prioridade competitivas", afirmou Muilenburg. Essa explicação não acalmou os manifestantes no lado de fora da reunião, incluindo parentes dos mortos no dois acidentes.

"A resposta deles foi uma farsa", disse Tarek Milleron, cuja sobrinha americana de 24 anos morreu no acidente da Ethiopian Airlines, ao jornal The Post. "É uma negação vazia."

Ainda na segunda-feira (29), a Boeing contratou uma nova linha de crédito de US$ 1,5 bilhão, um sinal, segundo o Post, de que a perspectiva financeira da empresa com as vendas do 737 Max paradas, não é boa.

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