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Na última semana, a agência de risco Moody’s elevou a classificação do Brasil e deixou o país a um passo do chamado grau de investimento – situação em que já estava nas outras duas principais agências do mundo, Standard&Poors e Fitch. Enquanto o país ainda busca reunir as condições necessárias para entrar na classificação internacional de investimentos seguros – passo que deve demorar mais de um ano para ser dado –, algumas empresas brasileiras já entraram para esse seleto clube. Reconhecidas com o grau de investimento (ou investment grade, para usar o termo mais comum entre economistas), as companhias passam a ter acesso a crédito mais barato e, por conseqüência, a mais investimentos estrangeiros.

A primeira empresa brasileira a ganhar esse "selo de qualidade" foi a Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), em dezembro de 2004. De lá pra cá, o grupo ganhou uma dezena de "sócias". Em comum, todas elas têm um sólido perfil de crédito, baixo nível de endividamento em relação à sua geração de caixa e elevada liquidez. É preciso também uma posição destacada no mercado, ou uma vantagem competitiva acentuada em relação aos demais concorrentes. "Não é preciso ter, obrigatoriamente, todas essas características. Mas empresas que têm um perfil de negócios muito forte em geral têm como resultado uma combinação desses fatores", diz o analista da Standard&Poors, Reginaldo Takara.

A Ambev recebeu seu primeiro rating dentro do grau de investimento da S&P, e hoje está no mesmo padrão na avaliação da Fitch. Na época, a venda do controle da empresa para a belga Interbrew, efetivada poucos meses antes, pesou a seu favor. Não pelo negócio em si, mas porque, como resultado da fusão, a Ambev passou a controlar a canadense Labatt, o que lhe garantia um significativo fluxo de caixa em moeda forte, na ordem de US$ 200 milhões ao ano.

O fato de ter alguma forma de suporte no exterior também é uma das características que contribuem para levar as empresas ao investment grade. "Embora menos relevante, esse é um fator que consideramos na avaliação", explica Takara. A fabricante de cervejas, por fim, tem a diversidade geográfica de atuação – é líder no mercado de cervejas no Brasil, Canadá e Argentina – e uma política financeira conservadora. "O perfil de risco de negócios da Ambev é satisfatório e amparado pela eficiente estrutura de custos da empresa e sua forte capacidade de execução, o que resulta em altas margens operacionais", diz o último relatório analítico da S&P sobre a empresa.

A diversidade de mercados, e de negócios, torna as empresas menos vulneráveis e por isso, acreditam as agências de risco, mais seguras para o investidor. "Os diversos setores não necessariamente se movem juntos, isso reduz a volatilidade porque se um deles não vai bem, outro pode compensar as perdas", observa Takara. "Atuar em outros países faz com que as empresas tenham menos dependência da situação nacional e mais previsibilidade em relação às suas receitas, já que atuam em economias menos voláteis", completa o diretor sênior de avaliação de empresas da Fitch, Ricardo Carvalho.

É nesse aspecto que o Grupo Votorantim, por exemplo, avançou no caminho para o seu grau de investimento. "Os ratings atribuídos à Votorantim Participações refletem a forte diversificação de negócios do grupo nos segmentos em que se beneficia de seus sólidos fundamentos", diz a análise da S&P. A agência considera que a companhia tem uma posição de mercado "robusta", estrutura de custo baixa e capacidade de exportação forte e crescente.

A atuação expressiva no mercado externo da Votorantim, assim como de outras empresas com grau de investimento, explica Carvalho, mostra que elas têm um padrão de competitividade capaz de disputar qualquer mercado mundial.

Embora não seja uma exigência obrigatória, em geral as empresas investment graded são grandes exportadoras. "Isso mostra não apenas que elas têm competitividade para acessar mercados mais maduros, e de menor volatilidade, como também significa que elas tem um fluxo de receita em moeda forte."

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