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Vice-reitor Wilson de Matos diz que a Unicesumar vai contratar mais 150 pessoas até o fim do ano: aposta na educação a distância | Ivan Amorin/ Gazeta do Povo
Vice-reitor Wilson de Matos diz que a Unicesumar vai contratar mais 150 pessoas até o fim do ano: aposta na educação a distância| Foto: Ivan Amorin/ Gazeta do Povo

Retenção

Viagem e 14.º salário seguram profissionais

A Escola Atuação, de Curitiba, não aumenta o número de alunos (1,5 mil) nem o quadro de pessoal (245 funcionários) há alguns anos. Trata-se de uma opção para manter a qualidade do ensino, segundo a direção. "A demanda existe. Temos 200 crianças esperando vaga. Mas as nossas duas sedes não comportam mais estudantes. E, se abríssemos uma nova, não conseguiríamos manter a qualidade", explica a diretora Esther Cristina Pereira.

Mesmo sem contratar, a escola sente os reflexos do aquecimento do mercado de trabalho. E criou um programa de retenção para não perder profissionais para outras instituições. Todo ano, paga uma espécie de 14º salário, como participação nos lucros. E o professor que completa cinco anos de casa ganha uma viagem de dez dias para a Europa. "O ensino particular está crescendo, mas sentimos uma queda no número de profissionais que querem trabalhar com educação. Há mais escolas disputando os mesmos professores", diz.

Salário baixo

A remuneração média dos profissionais de ensino neste ano foi de R$ 1.124, menos que as médias do setor de serviços. O maior salário médio foi pago aos admitidos nas atividades de apoio (R$ 1.913) e o menor, aos de ensino infantil e fundamental (R$ 1.049).

Novos câmpus

A Unicesumar vai abrir novos câmpus nos próximos dois anos em Curitiba, Londrina, Guarapuava, Arapongas e Ponta Grossa. O investimento chega a R$ 150 milhões. Na capital, será erguido um prédio de 12 mil m2 no Portão ao custo de R$ 25 milhões.

De cada nove pessoas contratadas no Paraná neste ano, uma foi trabalhar no ensino particular. Creches, colégios, faculdades e escolas de idiomas geraram 7,7 mil empregos formais entre janeiro e agosto, o equivalente a 11% das 71,4 mil vagas preenchidas em toda a economia estadual. Há três anos, esse porcentual não chegava a 5%.

INFOGRÁFICO: Veja o setor que mais contrata

Principal destaque do setor de serviços, a educação privada é um dos poucos ramos que, em meio à desaceleração do mercado de trabalho, continua aumentando o ritmo de contratações. Em relação aos oito primeiros meses de 2013, as admissões de profissionais de ensino cresceram 14% no estado, ao passo que a abertura de novos postos de trabalho em todos os setores caiu 28%.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam que o fenômeno é nacional. No conjunto da economia brasileira, o saldo de novas vagas baixou 30% neste ano. A área de ensino, por sua vez, contratou 13% mais funcionários.

Para especialistas, a expansão do mercado de trabalho para professores e afins é consequência do forte crescimento do ensino privado na última década graças ao aumento da renda e aos programas federais Prouni e Fies, que facilitaram o acesso ao ensino superior. "Uma parcela grande da população, a classe C, se afirmou nos últimos anos e passou a buscar o ensino particular. Aquela família que não tinha condição de matricular o filho em uma instituição particular, agora consegue", diz o economista Julio Suzuki, diretor de pesquisas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

Segundo o Ministério da Educação, o total de estudantes matriculados na educação básica no Paraná diminuiu de 2,7 milhões para 2,6 milhões de 2003 a 2013, um reflexo da queda das taxas de natalidade. Mas as matrículas no ensino particular cresceram de 328 mil para 408 mil.

"A geração de empregos ocorre não só pelo crescimento do número de alunos, que exige mais pessoal para atendê-los, mas também porque as escolas oferecem cada vez mais serviços, como ampliação da carga horária, ensino bilíngue e escolinhas de balé e outros esportes", explica Jacir Venturi, presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR).

Faculdades

No ensino superior, o número de alunos nos cursos presenciais do Paraná cresceu 53% nas faculdades públicas e dobrou nas particulares entre 2002 e 2012. A maior diferença se deu na educação a distância (EAD), dominada pelas instituições privadas, cujo total de matrículas saltou de 3 mil para 84 mil.

A aposta na EAD explica o crescimento de instituições como a Unicesumar, de Maringá, que contratou 400 pessoas desde o início do ano. Hoje com 2,2 mil funcionários, o centro universitário vai admitir mais 150 nos próximos quatro meses, todos para trabalhar na educação a distância. "Começamos a oferecer essa modalidade em 2005. Nove anos depois, temos 15 mil alunos em cursos presenciais e 45 mil em EAD", conta o vice-reitor Wilson de Matos Silva Filho.

Sustentação

Serviços geram mais da metade dos empregos

Apenas um de oito grandes setores da economia paranaense está contratando mais que no ano passado: a construção civil, que preencheu 11,9 mil vagas até agosto, 29% mais que no mesmo período de 2013. Entre os demais, o único que não reduziu drasticamente o volume de contratações foi o de serviços, o maior empregador da economia, que admitiu 39 mil pessoas até agosto – 1% menos que um ano antes. Fenômeno semelhante ocorre em nível nacional.

Os serviços, assim, vão se consolidando como o principal – e talvez único – pilar do mercado de trabalho brasileiro. A participação do setor no total de vagas geradas no Paraná, por exemplo, subiu de 40%, em 2013, para 55% neste ano. Em compensação, a indústria, que fechou postos de trabalho nos últimos meses, viu sua fatia nas novas vagas encolher praticamente à metade, de 28% para 15%.

"Os serviços são o único setor ainda razoavelmente dinâmico da economia brasileira, um reflexo de nossa matriz econômica, que privilegia o consumo. Ao contrário do que ocorre com a indústria, eles praticamente não sofrem concorrência internacional", diz Julio Suzuki, diretor de pesquisas do Ipardes.

Para ele, o fortalecimento dos serviços é positivo do ponto de vista social, porque a maioria dos empregos que oferecem são preenchidos por trabalhadores de baixa renda. "Por outro lado, o Brasil está trocando um setor com produtividade elevada, que é a indústria, por outro de produtividade mais baixa", diz.

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