A entrega de fertilizantes no Brasil bateu recordes nos últimos meses de 2006. A recuperação em outubro e novembro, já esperada em razão da época de plantio, foi além das expectativas, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Com isso, o setor conseguiu fechar o ano com uma leve alta em relação a 2005, chegando perto de 20,5 milhões de toneladas de fertilizantes entregues, de acordo com dados preliminares da Anda. Em novembro, foram entregues ao consumidor 2,8 milhões de toneladas, crescimento de 16,3% em relação ao mesmo mês de 2005. Em outubro, quando se concentraram as vendas, a entrega chegou a 3,4 milhões de toneladas, alta de 7,8% em relação ao ano anterior.

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Os números de dezembro ainda não estão fechados. Para o diretor-executivo da Anda, Eduardo Daher, o desempenho de 2006 caracteriza "empate técnico" com o do ano anterior. "Isso mostra um sinal de recuperação, mas não há nada a comemorar", afirma. Em janeiro do ano passado, por conta da crise, falava-se em queda de 5% no setor. Em setembro, com as primeiras sinalizações positivas, a Anda estimava queda de 3,5%. Agora os dados preliminares indicam entrega de fertilizantes na ordem de 20,5 milhões de toneladas a 20,6 milhões de toneladas. Financiamento

O desempenho excepcional observado nos últimos meses do ano se deve, em grande medida, a um fator burocrático. O Banco do Brasil, o maior financiador agrícola do país, começou a liberar os créditos ao produtor apenas na metade de outubro. "Todo ano atrasa, mas dessa vez demorou mais ainda, o que fez com que a entrega se concentrasse em outubro", diz Daher. Outro fator que influenciou os bons números no período foram as chuvas regulares, beneficiando a safra de verão. Apenas o terceiro fator tem relação com o mercado. Segundo Daher, os preços dos grãos no mercado internacional tiveram acréscimo espetacular nos últimos dois meses, pela determinação dos Estados Unidos em consumir um terço do milho produzido internamente para produção de etanol.

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Os dados preliminares também indicavam que o Paraná deveria retomar a posição de segundo consumidor de fertilizantes, atrás apenas de São Paulo, de acordo com Daher. No estado, o consumo de janeiro a outubro cresceu 2% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram entregues 2.462 toneladas.

As importações de fertilizantes passaram de 1,2 milhão de toneladas para 1,5 milhão de toneladas. O câmbio favoreceu esse processo, mas Daher afirma que isso não prejudicou a indústria nacional. "Em média, 65% do que está no fertilizante é importado. O Brasil não é auto-suficiente em produção de adubos, sempre vai ter que importar", explica. Segundo ele, os produtores nacionais têm mercado garantido e não são afetados pelas compras externas. Produtores

De acordo com o economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Pedro Loyola, o investimento em tecnologia ocorreu no momento em que as linhas de crédito começaram a ser liberadas. "Os produtores estavam alijados do poder de compra", observa. A Faep orienta aos produtores para, sempre que possível, comprarem os insumos antecipadamente, para terem condições de negociar. Não foi o que aconteceu neste ano. A Anda confirma que, pela procura concentrada em outubro, houve alguns problemas de entrega e falta de produtos em alguns locais do país.

O gerente técnico e economista da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, diz que a alta dos preços agrícolas é o principal responsável pela retomada da produção, que influenciou a alta na procura dos insumos. "Os preços estão muito positivos, o que não acontecia nos dois últimos anos. Há uma melhora estrutural que mostra recuperação consistente no médio prazo, não apenas momentânea", analisa.